A alopecia areata ganhou destaque na cerimônia do Oscar no último domingo (27) após uma confusão envolvendo os atores Chris Rock e Will Smith. Na ocasião, Rock fez uma piada com a condição que acomete Jada Pinkett, esposa de Will. O protagonista do seriado Um Maluco do Pedaço, no entanto, não gostou da brincadeira de mau gosto e deu um tapa no comediante.
A atriz, de 50 anos, raspou os cabelos em meados do ano passado e desde então, adotou o novo visual. Na época, ela compartilhou um vídeo em seu Instagram, explicando que sofre de alopecia areata, distúrbio que provoca falha e queda dos fios.
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“Vocês sabem que eu tenho lidado com a alopecia e, do nada, apareceu esta falha aqui. Olhem só. Ela veio do nada e vai ser mais difícil de esconder. Então, achei melhor mostrar para todos, para não surgirem dúvidas”, disse Jade.
O que é alopecia areata?
Segundo informações da dermatologista Flávia Rosalba, do Hospital Dia Campo Limpo, unidade sob gestão do CEJAM, “a alopecia areata é uma doença autoimune que acomete os folículos pilosos (estrutura composta por um fio de pelo ou cabelo e outros elementos como glândula e músculo), levando à perda de pelos não cicatricial (quando o cabelo cai, mas pode voltar a nascer, pois não há destruição do folículo piloso).”, explicou.
A profissional acrescenta que a ausência de pelos geralmente acontece em placas, podendo ser única ou múltiplas. “Há também a alopecia areata total, com perda de todo ou quase todo o pelo do couro cabeludo. E a forma alopecia areata universal, na qual a perda de pelos ocorre em todo o corpo.”, destacou.
Flávia explica que o risco de uma pessoa desenvolver alopecia areata em toda a vida é de 2%, independente do sexo ou idade. “Igualmente entre os sexos masculino e feminino. A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas antes dos 40 anos.”, ressaltou.
Quais são os sintomas da alopecia areata?
Além da perda de cabelo, a alopecia areata também pode se manifestar através de outros sintomas: “A perda de cabelo é o principal sintoma, embora possa haver problemas também nas unhas e/ou nos olhos.”, destacou a médica.
“A evolução da alopecia areata é imprevisível, pois algumas pessoas apresentam crescimento dos cabelos de forma espontânea mesmo sem tratamento, enquanto outras não conseguem retomar o crescimento dos fios (repilação), apesar do tratamento. Cerca de 50% dos doentes apresentam repilação espontânea nos primeiros 6 meses, e 70% têm repilação no primeiro ano da doença.”, afirma a dermatologista.
Qual o tratamento para a alopecia areata?
Flávia Rosalba explica que não há um tratamento definitivo para alopecia areata, mas existem algumas opções terapêuticas que devem ser aplicadas conforme uma avaliação mais precisa do profissional junto ao paciente.
“Atualmente, não há um tratamento definitivo para alopecia areata, assim como não há evidências de que o tratamento mude a evolução da doença a longo prazo. É comum o acontecimento de alguns episódios ao longo da vida.”, destacou Flávia.
“As opções terapêuticas devem ser avaliadas em conjunto entre médico e paciente. Há possibilidade de tratamentos com medicamentos de uso local, como soluções ou cremes a serem aplicados, injeção de medicamentos no couro cabeludo e medicamentos de uso oral, incluindo os imunomoduladores que atuam diretamente na inflamação.”, acrescentou.
Além disso, um acompanhamento psicológico também pode ajudar nessas situações. “O suporte emocional pode levar a melhores respostas ao tratamento da alopecia areata.”, afirmou a dermatologista, detalhando um estudo que mostra que mais da metade das pessoas que possuem essa condição, apresentam algum diagnóstico psiquiátrico, como depressão e ansiedade.
“É evidente o impacto psicológico que a perda de cabelos traz, atrapalhando a autoimagem, o relacionamento interpessoal e o relacionamento no trabalho/escola.”, revelou. “O mecanismo pelo qual transtornos emocionais pioram doenças ainda não está esclarecido, mas uma possível explicação seria a interferência de neuromediadores no sistema imune.”, acrescentou a médica.
Flávia Rosalba ressalta que, em alguns casos, o tratamento pode não ter a melhor resposta. “Em geral, quanto mais extenso o quadro, pior a resposta ao tratamento. Alguns fatores estão relacionados a um pior prognóstico, sendo eles: início na infância; duração do episódio maior que um ano; área extensa ou acometendo o contorno da cabeça (ofiásica); acometimento ungual (nas unhas); associação com atopia (lesões alérgicas na pele); associação com doenças autoimunes, principalmente endócrinas; história familiar de alopecia areata; e associação com doenças genéticas.”, finalizou.
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