Histórias da quebrada para os charts: o voo de Link do Zap com ‘a última dança’

Autêntico e independente, o artista capixaba desafia as 'regras' com sonoridade incomum

Divulgação/@joao_arquivo
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Com um nome inusitado e sonoridade única, Link do Zap não está para brincadeira! Com a utilização de batidas clássicas que vão do rap ao ritmo mais dançante, ‘a última dança’, faixa em parceria com Pluglip, é, atualmente, uma das 50 músicas mais ouvidas do Spotify Brasil.

Com mais de 2 milhões de ouvintes mensais na plataforma de streaming mais consumida do mundo, o artista, de 20 anos, nascido no interior do Espírito Santo, é um dos nomes promissores da nova geração da música independente brasileira.

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Ainda que esteja alcançando visibilidade atualmente, Link do Zap começou a divulgar seus trabalhos no SoundCloud, em 2017, e desde então começou a trilhar uma jornada marcada pela autenticidade e liberdade criativa, no qual se consolida como um nome em ascensão da cena underground no mainstream.

Em entrevista exclusiva ao Observatório dos Famosos, Kalledy explica que nome artístico surgiu ainda na adolescência: “Link” veio pelo apego à internet desde cedo; o “do Zap”, por sua vez, foi um acréscimo inesperado, resultado de uma piada de escola na época do ensino médio. “Por causa dessa piada uma amiga minha na epoca me chamou de Link do Zap, quando eu ouvi gostei da sonoridade, é um nome meio idiota mas chamativo e diferente, e aí ficou assim”, lembra.

Criado longe dos centros urbanos, Link do Zap valoriza as influências que possui do interior. Para ele, a simplicidade do cotidiano moldou sua visão artística. “Acredito que minha arte não é algo pretensioso, crescer no interior me fez desde pequeno apreciar a simplicidade da vida, e sinto que minha arte reflete isso várias vezes. Gosto fazer um trampo simples e explorar os recursos que tenho ao meu alcance”, diz.

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Link do Zap
Link do Zap (Foto: Divulgação/@joao_arquivo)

Com mais de 20 milhões de streams em ‘a última dança’, a jornada do artista surgiu no rap, mas há outras faixas com uso de elementos que transitam do funk ao dance e o hip-hop. Esse fato desperta um detalhe curioso: o som de Link do Zap é difícil de rotular – e não é por acaso. “Não acho que dá pra me colocar em uma caixinha. (…) Minhas referências são o mundão mesmo, gosto de observar as coisas e tentar tirar algo de arte da minha realidade, das pessoas e dos lugares a minha volta”, aponta.

Além de cantor e compositor, Link do Zap também assina a produção de suas próprias musicas. Em sua concepção, esse detalhe é uma grande vantagem e é construída num momento de intimidade: em seu quarto. “Sinto mais liberdade por eu mesmo fazer a maior parte das minhas músicas”, afirma.

‘histórias de kebrada para pessoas malcriadas’

Com as expectativas pelo lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, ‘histórias de kebrada para pessoas malcriadas’ – cuja data de lançamento ainda está para ser anunciada -, Link do Zap afirma que o conceito do trabalho gira em torno de uma única palavra: propósito. “Minha ideia é contar uma historia durante todo o meu álbum usando elementos de historias minhas, mas sem falar de mim, porque no fim o que eu vivo é vivido por muitos por aí”, revela ele, cuja produção também reúne colaborações de amigos e produtores.

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Link do Zap
Link do Zap (Foto: Divulgação/@joao_arquivo)

O reconhecimento de um artista underground, independente e autêntico reflete também na agenda de shows. A turnê ‘HKPM’, que estreia no dia 29 de maio, já possui quatro das 14 datas disponibilizadas em cidades como São Paulo, Curitiba, Manaus e Belo Horizonte, com ingressos esgotados. O impacto é inimaginável para quem, há um ano, precisou cancelar uma audição por baixa venda de ingressos. “Tem muita gente fazendo música no quarto e tentando ir contra essa indústria musical que mata a criatividade dos artistas”, observa.

Mesmo com o crescimento, o artista se mantém ciente das consequências da fama. “Nem gosto muito de fama”, confessa. Para ele, o valor dessa ascensão é atribuída pela chance de melhorar sua qualidade de vida e apoiar quem ama — algo que parecia distante há poucos anos, quando enfrentava dificuldades para se manter na capital paulista. “Agora finalmente estar conquistando o básico pra viver sossegado e ajudar meus amigos é incrível e pra mim apenas isso importa”, conclui.

Link do Zap
Link do Zap (Foto: Divulgação/@rvphis)

Entrevista completa com Link do Zap:

Sua carreira teve início com lançamentos no SoundCloud, em 2017. Como foi esse processo de transição da cena underground para que alcançasse um público mais amplo com canções como ‘a última dança’?

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Acho que as coisas aconteceram tudo no seu tempo, não acredito que tive um crescimento repentino, ano após ano ganhei números maiores e atingi mais públicos, e graças a essa fanbase que conquistei com os anos que ‘A Ultima Dança’ estourou com edits e tiktoks feitos por eles que ajudaram a musica furar a bolha.”

Kalledy, o que motivou a escolha do seu nome artístico ser Link do Zap? Existe uma história por trás?

Não tem nada de especial no significado do meu nome, pensei em Link quando eu tinha 14 anos por eu estar sempre na internet quando era mais novo, e o do Zap veio alguns anos mais tarde por uma piada de ensino médio que, honestamente, eu nem lembro mais o sentido dela, mas por causa dessa piada uma amiga minha na época me chamou de Link do Zap, quando eu ouvi gostei da sonoridade, é um nome meio idiota mas chamativo e diferente, e aí ficou assim.

Vindo do interior do Espírito Santo, como sua origem foi um potencial de influência para sua construção de visão artística?

Acredito que minha arte não é algo pretensioso, crescer no interior me fez desde pequeno apreciar a simplicidade da vida, e sinto que minha arte reflete isso várias vezes, gosto fazer um trampo simples e explorar os recursos que tenho ao meu alcance.

Suas músicas transitam entre o funk, rap, com elementos dance. Como você descreveria seu estilo musical e quais são suas principais influências?

Não acho que dê pra me colocar em uma caixinha e dizer que meu estilo é isso ou aquilo, quando eu vou fazer musica eu só sento na frente do PC e começo a fazer algo que meus ouvidos vão gostar de ouvir sem pensar muito, e minhas referências são o mundão mesmo, gosto de observar as coisas e tentar tirar algo de arte da minha realidade, das pessoas e dos lugares a minha volta.

Além de intérprete e compositor, você também é responsável pela produção das próprias músicas. Quais são os maiores desafios e recompensas de ser um artista independente que cuida de todos os aspectos da produção musical?

Na real não vejo tantos obstáculos, sinto na real mais liberdade por eu mesmo fazer a maior parte das minhas musicas, mas não tenho problema em pedir ajuda de amigos quando necessário, até porque sempre estou buscando aprender mais sobre minha área, porém amo poder fazer minhas musicas no meu quarto.

Qual o balanço que você faz da evolução da cena underground brasileira nos últimos anos, especialmente com a ascensão de artistas que desafiam os padrões do mainstream, tendo a si mesmo como exemplo?

Acho bem maneiro o crescimento do underground, sinto que muitos talentos novos tão pra chegar em ascensão na cena, assim como eu, vários por aí tão fazendo música no quarto e tentando ir contra essa indústria musical que a cada dia mais mata a criatividade dos artistas, não pretendo mudar meu estilo para ser algo mais agradável aos grandes públicos, quero continuar fazendo o que gosto de ouvir, isso é ser underground.”

Link do Zap (Foto: Divulgação/@rvphis)

Você está preparando nos preparativos para o lançamento do primeiro álbum de estúdio, certo? Quais foram os temas e sentimentos que você quis explorar? Existe uma narrativa por trás dele?

“Acho que o próximo álbum pode ser explicado em uma única palavra: propósito. Minha ideia é contar uma historia durante todo o meu álbum usando elementos de historias minhas, mas sem falar de mim, porque no fim o que eu vivo é vivido por muitos por aí.”

Você trabalhou com outros produtores ou artistas nesse projeto? Como foi a dinâmica dessas colaborações?

“Uns 80% do álbum foi com produções minhas, mas como disse ali em cima não tenho problema em pedir ajuda de amigos quando necessário, então o álbum vai contar com algumas músicas produzidas por amigos que confio muito no trabalho, como eu já tenho uma conexão com essas pessoas fora da musica sinto que dinâmica foi super tranquila e fluida.”

Sua turnê terá início no final do mês que vem, mas mal estreou e já possui várias datas esgotadas. Como foi pra você ver essa resposta do público, vindo de uma cena tão independente?

“É muito louco, ano passado quando fui lançar um ep meu, tive que cancelar a audição na época por pouca venda de ingressos, e é muito repentino pra mim ver agora lugares esgotando pra ir ver esse meu álbum, toda essa turnê tá sendo produzida pela equipe Lóbulo que tem me ajudado muito a finalmente poder levar minha música e meus shows pra outros estados, é um sonho sendo realizado.”

Por fim, mas não menos importante: qual balanço que você faz dessa nova fase que se inicia na sua trajetória enquanto artista em ascensão?

“Bom eu nem gosto muito de fama não, mas esse crescimento vai ajudar muito na minha qualidade de vida, tive que passar vários ‘perreco’ aqui em São Paulo nos últimos 3 anos desde que mudei pra cá, e agora finalmente estar conquistando o básico pra viver sossegado e ajudar meus amigos é incrível e pra mim, apenas isso importa.”

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