Manoel Carlos, um dos principais autores de novelas da Globo, está completando 90 anos nesta terça-feira (14). Responsável por grandes sucessos da dramaturgia nacional, o autor veterano já enfrentou um momento tenso com a emissora carioca na década de 1980.
Isso porquê, após a morte de Jardel Filho, um dos principais atores de Sol de Verão (1982), novela escrita pelo autor, a briga entre o dramaturgo e a Platinada tiveram início, após ele ter solicitado adiantar o fim da novela, o que foi negado.
Carregando...
Não foi possível carregar anúncio
“A gota d’água foi a morte de Jardel Filho, meu amigo, meu companheiro, meu irmão. Escrevi Sol de Verão especialmente para ele. Tratava-se, realmente, de uma novela biográfica de Jardel Filho. Ele morreu e eu senti muito. Havia muita dor“, explicou Manoel Carlos, em entrevista ao jornal Estadão, em 1986.
“Propus à Globo acabar a novela em uma semana. Eles argumentaram que não seria possível. Aumentei para duas semanas. Eles reargumentaram que teria de estendê-la, pelo menos, por mais três [semanas]. Eu disse ‘não’. Não acredito quando falam que ‘o show deve continuar’. Não. Ele tem de ser interrompido quando a dor é muito forte. Tem de se respeitar a dor alheia. Não há nenhuma alegria em ver o circo pegar fogo. Temos, pelo contrário, de ajudar a apagar o incêndio”, disse Maneco, que deixou a novela no ar, e Lauro César Muniz e Gianfrancesco Guarnieri escreveram os 17 capítulos finais.
Manoel Carlos explicou, ainda, que a pressão e a cobrança em estender as novelas lhe causavam uma certa revolta. “Havia um certo abuso. Eu me sentia abusado e pressionado 24 horas por dia. Escrever uma novela é viver quase um ano sob pressão constante”, desabafou. “Você acaba ficando mais preocupado em escrever capítulos diários do que um bom capítulo. A novela acaba ficando por demais repetitiva, redundante. Você tem de prolongar a história por meses e meses”, explicou o novelista.
Após a briga, Manoel Carlos permaneceu longe da Globo durante oito anos, e retornou apenas em 1991, com a novela Felicidade, e continuou na casa, onde escreveu outras tramas marcantes como Por Amor (1997), Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003), Páginas da Vida (2006), Viver a Vida (2009) e Em Família (2014), seu trabalho mais recente – e último.
VEJA MAIS: Taís Araújo relembra desespero após ter vivido protagonista de ‘Viver a Vida’