Entrevista

Suzy Lopes, atriz de ‘Mar do Sertão’, faz revelações inéditas sobre vida pessoal e detona governo

Atriz paraibana de 43 anos avalia mudanças na carreira em ascensão, e opina sobre política

Publicado em 10/09/2022
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A atriz Suzy Lopes, de 43 anos, está atualmente no ar em Mar do Sertão, na pele da personagem Cira, a fofoqueira da cidade fictícia de Canta Pedra, que serve de cenário para a novela das seis da Globo. Após Quanto Mais Vida, Melhor! (2021), que marcou sua estreia na TV, a artista paraibana fez revelações inéditas sobre sua vida pessoal e profissional, em entrevista exclusiva ao Observatório dos Famosos.

Em um bate-papo descontraído, ela ainda abriu o coração e compartilhou um pouco sobre seu casamento com o ator, escritor e diretor Paulo Vieira, além das mudanças em sua jornada nestes últimos anos, em meio ao processo de ascensão de sua carreira.

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Suzy Lopes ainda expôs sua opinião sincera sobre o estereótipo preconceituoso na construção de papéis nordestinos nas produções, e não poupou críticas ao atual governo, liderado por Jair Bolsonaro (PL): “Os investimentos no setor cultural não estão só em precariedade, estão sendo atacado, sufocados, marginalizados”, disparou.

Confira abaixo a entrevista na íntegra com Suzy Lopes:

Como você iniciou a carreira nos teatros e migrou para a TV?

“Profissionalmente em João Pessoa, quando eu fiz o curso de teatro na FUNESC, e aí depois naturalmente fui me apresentando, via as chamadas de filmes, mandava meu material, alguns foram selecionados e outros não. Fiz meu primeiro filme em 2000, um média metragem chamado ‘Assintomática Narrativa de Constantino’. Fui fazendo vários curtas na Paraíba, dos amigos, de pessoas que me conheciam e tinham me visto no teatro. (…) Fiz meu primeiro filme notado no longa ‘Era Uma Vez’, protagonizado por Guedes. Tudo isso brota na infância, eu morei no interior, Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, a cidade que nasci, e Baixio, no Ceará. Eu fui criança nos anos 80, eu corria pela rua, brincava de pega, de toca, tomava banho de chuva, subia em árvore, e também naturalmente via muita televisão. Eu achava que a televisão era uma janela para o outro mundo. Eu também me imaginava que do outro lado tinha pessoas me vendo, me lembro muito de momentos em que eu atuava, mesmo sem saber o que era atuação, mas fazia dança, riscava, achando que tinha outras pessoas me assistindo. O fato de eu fazer isso tudo por conta própria achava com que as pessoas me achassem uma criança desenrolada.”

Sua estreia nas novelas só veio acontecer no ano passado, em ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’, na Globo. Como você lidou com os desafios até alcançar este feito na carreira?

“Eu comecei a fazer teatro em 1995, eu tinha 15 anos, e desde então eu sempre trabalhei com atuação. Me apresentava em lançamento de livro, sarau, teatro infantil. Comecei a fazer filme, fiz um projeto de poesia em João Pessoa. Tudo que eu ganhei na vida foi com meu trabalho de atriz. Na TV, quem me levou foi o cinema.”

Suzy Lopes

Apesar de possuir uma grande jornada no teatro, você sempre teve vontade de trabalhar em novelas?

“Hoje eu percebo que sempre quis trabalhar em novela. Eu sempre vou amar atuar, no teatro, sarau, na TV. É um campo de alcance muito maior. O Brasil é um pais muito noveleiro, não é à toa que tem muita qualidade. A televisão faz parte da formação do brasileiro, da vida. Eu tenho gostado demais, pela dinâmica da coisa, tudo muito rápido. A preparação da novela é mais intensa e mais rápida. Acho que todo mundo que atua quer ter novos desafios, você quer fazer aquilo. Eu tenho gostado muito.”

Você se identifica com a personalidade de sua personagem, a Cira, de ‘Mar do Sertão’?

“Não me identifico com Cira [risos]. Ela faz a fofoqueira da cidade. Não me identifico com ela nesse sentido de ser fofoqueira, falar da vida dos outros, ficar confabulando. Além de estar tentando chafurdar a vida das pessoas, ela dá as enfeitadas dela. Na maior característica de Cira, nesse sentido eu não me identifico. Mas claro me identifico no sentido de ser do Nordeste, do interior. Cira possui uma alegria, um deboche, um divertimento que eu pego emprestado na minha própria personalidade, para ela. Cira é 360. Nessa vibração eu me identifico muito também.”

Suzy Lopes

Na sua opinião, a forma que são construídos personagens nordestinos nas produções, em sua maioria caricatos, também contribuem para um estereótipo preconceituoso na sociedade?

“Eu acho que sim. Eu lembro que eu sempre assistia as novelas e via um pouco de falar nos nordestinos e ficava: ‘Esse povo nunca veio no Nordeste, né?! Não é assim’. As pessoas caricatas são explosivas, intensas, eu me acho muito caricata na minha vida. O problema, na minha opinião, é só mostrar a caricatura. A Cira é muito mais caricata que Valdirene [sua personagem de ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’]. Eu fui criando [as personagens] através das minhas amigas, amigos. Eu fui criando isso. É muito importante quando Allan assumiu a novela, e tinha cinco atores nordestinos e ele fez uma reunião com a produção e chamou mais gente do Nordeste. Tem um número muito expressivo de nordestinos. A questão da representatividade é muito importante. Como eu conheço a caricatura real, as pessoas se identificam. Tem uma renovação nesse elenco, com muita gente que não tinha a cara na televisão, e esse número é algo para se louvar.”

Como você descreve a repercussão do público com seus trabalhos globais, sejam baseadas em elogios ou críticas?

“Eu estou muito feliz com o retorno que recebi. Sempre recebo mensagens das pessoas do Nordeste. Aqui no Rio, que era uma praça que eu era completamente desconhecida, são pessoas do público audiovisual. Com certeza o público da novela é muito mais abrangente. É muito gostoso quando vou a um restaurante e as pessoas falam comigo. Tenho gostado muito, até mesmo quando as pessoas vão mostrar que se indignaram com a personagem. Acho que as pessoas vão ficar com muita raiva de Cira, ela faz muita confusão.”

Além dos trabalhos em ‘Mar do Sertão’, você está envolvida em novos projetos?

“Sim. Além de ‘Mar do Sertão’, eu estou na série ‘Não Foi Minha Culpa’, dirigida por Suzana Lira, disponível no Star +. É uma série muito importante que seja vista. Foi baseada em fatos reais, que trata de casos de feminicídio. É um projeto muito difícil de se fazer, no sentido que aquelas histórias são reais, mas fiquei feliz em fazer justamente por achar que essas histórias podem chegar em lugares que precisam ouvi-las. É um passo para, talvez, mudar essa realidade tão dura, tão difícil que é a violência contra a mulher. Além da série, também estou no elenco do longa ‘Paloma’, de Marcelo Gomes, que estreou no Festival de Cinema de Monique, e também estou fazendo participação na série ‘Cine Holliúdy’, que é um projeto que eu amo muito. Fiquei muito feliz em ser convidada.”

Como você consegue conciliar seu casamento com o atual período de sua carreira, em processo de ascensão?

“Consigo compartilhar com muito amor. Paulo Vieira, que é meu esposo, ele também é ator. Ele também conhece o ofício, as exigências de estúdio. Ele é muito companheiro. Estamos juntos entre namoro e casamento há 12 anos, e não tem nada de errado, está tudo certo, tudo maravilhoso. Ele veio para o Rio, está morando comigo. Ele é muito parceiro, estamos muito felizes”.

Suzy Lopes e o marido, Paulo Vieira (Foto: Reprodução/Instagram/Bruno Vinelli)

Nos momentos de descanso, quais são seus principais hobbys?

“Nos momentos de quê? [risos]. Brincadeira! Nesses dias, eu tenho pensando que a profissão de atriz é muito parecida com a de professora. Quando você não está dando aula, você está preparando aula, ou corrigindo prova. Eu tenho tido poucos momentos de descanso, porquê quando não estou gravando, eu estou estudando os textos para as gravações, mas claro que a gente sempre dá um jeitinho de se divertir. Eu gosto de encontrar os amigos, ir para o cinema, caminhar na praia, pedalar, sou muito apaixonada por bicicleta, cuidar do casamento, arrumar a casa, ir na loja comprar uma coisinha para arrumar a casa. Gosto também de ficar sem fazer nada, sem me sentir na obrigação de fazer algo. Eu aproveito o dia de folga para responder mensagens, e-mails, falar com meus amigos de João Pessoa. Minha vida têm sido muito corrida, mas estou amando muito, e quero mais.”

Você acredita que os investimentos no setor cultural no Brasil está em situação precária? Enxerga uma melhora com as propostas apresentadas pelos políticos nesse setor, durante as eleições deste ano?

“Sim! Os investimentos no setor cultural não estão só em precariedade, estão sendo atacado, sufocados, marginalizados. Os cinco anos e meio. A partir do meio de 2016 para cá, a cultura têm sido atacada, assim como os artistas. Mas eu acredito numa melhora sem medo de ser feliz, sem medo que a partir do próximo ano vem muita esperança nisso, muita. Vamos lá, Brasil! Vamos se salvar, está na nossa mão, especificamente no nosso dedo. Vamos lá.”

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