“A tecnologia veio para ficar e já faz parte da rotina de todos das telas, não há dúvidas do quanto ela nos proporcionou ganhos absurdos, nunca imaginados em um passado recente, nos disponibilizando múltiplas facilidades através de aplicativos que possibilitaram comunicação rápida, serviços facilitados, acesso à conteúdos e informações das mais variadas fontes e em fluxo intenso de velocidade e quantidade. Tudo isso ao acesso fácil das telas na palma de nossas mãos, fazendo parte por horas da rotina diária das pessoas em todas as idades. Mas, quando se trata de crianças, esta rotina intensa das telas participando do dia da criança por horas junto no processo do desenvolvimento e amadurecimento, está demonstrando gradativamente trazer uma série de consequências bastante negativas e irreparáveis muitas vezes. Estudos mostram que crianças expostas a longos períodos de tempo na frente de dispositivos como smartphones, tablets e televisão tendem a apresentar dificuldades em aspectos fundamentais do desenvolvimento saudável, como o sono, comportamento e socialização”, explica Dr. Felipe Becker.
No mundo atual, as telas estão presentes em quase todos os momentos da rotina, seja em casa, na escola ou durante o lazer. Para os pais, encontrar o equilíbrio entre permitir que os filhos usem a tecnologia, limitar qual conteúdo para idade, tempo de exposição e principalmente a sustentação dos combinados têm sido um desafio constante. O Dr. Felipe Becker, experiente psiquiatra Coordenador de um Serviço de Internação Infantojuvenil desde 2012, que por acaso foi o mesmo ano em que os estudos demonstram início do declínio da estrutura emocional e de aprendizagem dos jovens.
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Ele traz um importante alerta sobre o quanto o uso precoce e excessivo de telas na infância e adolescência está impactando negativamente o desenvolvimento emocional por tolir o desenvolvimento de estruturas cognitivas e habilidades elementares para qualquer indivíduo. Capacidades cerebrais estas, fundamentais para proporcionarem condições básicas para a gradual conquista de autonomia rumo a vida adulta e que precisam ser desenvolvidas na infância. Fase esta em que o cérebro passa por neuroplasticidade importante, que é o período onde os neurônios estão em processo intenso de desenvolvimento, ramificações e interconexões. Portanto estamos observando drástica redução de tempo de convivência, experiências vividas, percebidas e memorizadas que só ocorrem quando praticadas. Através delas no dia a dia é que se dá início já com o convívio familiar de qualidade com os pais, para que se possibilitem fatores elementares como o desenvolvimento de relação de segurança afetiva, espaço para que as crianças possam ser educadas, frustradas, cobradas, contrariadas sempre que necessário. Portanto é algo obrigatório para que o desenvolvimento de estruturas neurológicas finas e complexas sejam moduladas conforme o meio está interferindo e atender às demandas dos pequenos. É se relacionando que também a criança aprende gradativamente a compreender e interpretar seus próprios sentimentos e a como desenvolver mecanismos de auto-regulação em situações que precisarem tolerar, enfrentar ou solucionar problemas. A falta de espaço para a criança brincar, desenvolver a imaginação, criatividade, interesse por coisas diferentes, prazer em atividades que goste e a iniciativa para executá-las, algo que vai também de forma interconectada contribuindo para o melhor desenvolvimento de outras habilidades como a comunicação, interação, socialização, aprendizagem e para isso tudo acontecer, somente através da experiência vivida no mundo real, onde o cérebro vai recebendo os estímulos sensoriais e produzindo memórias dos mais diversos tipos, modulações finas e complexas e com isso vai se estruturando gradativamente maior maturidade para enfrentamento rumo a vida adulta e para isso, a cada ano que passa, devem depender menos do contexto familiar nos quais estão inseridos.
Os pais e mães de hoje precisam acessar esse tipo de conteúdo, para adquirirem consciência da fundamental importância de sua participação ativa nesta jornada de direcionamentos que nossos filhos tanto precisam.
Qual é o limite saudável?
“É fundamental que os pais estabeleçam regras claras em casa, através de rotina diária básica estruturada para que os combinados sejam mantidos e sustentados. Também é pela rotina que irão se acompanhar os momentos de estudos, horários das refeições, atividades físicas, sono, atividades de auxílio participativo em casa e demais pontos que também as telas estão contribuindo para desestruturar, haja vista que hoje é muito comum de pai e mãe estarem fora no mercado de trabalho.
Estes pontos básicos sustentados proporcionam estrutura emocional através da organização mental básica diária que já proporciona ganho importante tanto da própria organização, quanto de relacionamento entre pais e filhos promovam o desenvolvimento cognitivo e emocional dos filhos bem mais ajustado”, reforça Dr. Becker.
A Sociedade Americana de Pediatria coloca que crianças de dois até cinco anos deveriam no máximo ter o limite de 1 hora/dia, sempre com supervisão de pais/cuidadores/ responsáveis. • Crianças com idades entre 6 e 10 anos, tempo de tela máximo de 1-2 horas/dia, sempre com supervisão de pais/responsáveis. • Adolescentes com idades entre 11 e 18 anos, limitar o tempo de telas e jogos de videogames a 2-3 horas/dia, e jamais permitir que durmam tarde ou virem a noite. O aumento gradual com riscos à saúde e problemas comportamentais em média tendem a aparecer quando o uso passa das 3 horas/dia.
Ainda orientamos que até os 12 anos os jovens não deveriam ter os próprios aparelhos celulares ou tablets e quanto a redes sociais, proibidos até os 16 anos no mínimo. Ainda uma orientação que reforço bastante é sobre a ausência de telas na escola, pois interferem diretamente no aprendizado, comunicação e interação social.
Um parâmetro a ser lembrado pelos pais, se algum dos pontos determinados para a rotina deles comecem a falhar ou não serem feitos, sinal de que o uso das telas provavelmente devem ser revisados e reduzidos.
O Lançamento do Livro
Além de sua atuação clínica, Dr. Felipe Becker lançará em breve seu mais novo livro, no qual dedica um capítulo exclusivo à questão do impacto das telas no desenvolvimento infantil. O livro, destinado a pais e profissionais da área da saúde, aborda de forma prática e acessível os efeitos da tecnologia nas crianças e oferece orientações sobre como estabelecer limites saudáveis.
Dr. Felipe Becker, hoje considerado um dos maiores especialistas em psiquiatria infantojuvenil, Fundador e Coordenador do primeiro Serviço de Internação Psiquiátrica Hospitalar Infantojuvenil de Santa Catarina há 13 anos e portanto com bagagem de já ter avaliado e acompanhado mais de 5 mil famílias desde 2012.
Conteúdo produzido e enviado por Sua Imprensa