Sinestesia: a chave para entender a obra literária de Robert de Andrade

Publicado em 17/07/2024 13:38
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Uma miscelânea de sentidos que alternam o seu papel, muitas vezes de forma caótica, é o cerne do processo criativo do escritor mineiro Robert de Andrade, 44. Nascido em Belo Horizonte, o autor teve sua estreia na literatura em 2012, com o lançamento do romance OFF, no Brasil e em Portugal. No entanto, a sua produção literária é bem anterior à publicação do primeiro livro, pois, em 2005, seu nome já figurava entre os finalistas do Prêmio Sesc de Literatura, com o romance policial Os Especialistas, que só veio a ser editado 16 anos depois.

Com quatro romances publicados, é extremamente difícil atribuir um gênero ou rótulo à obra do autor. Os traços encontrados e que se repetem em todos os seus livros são a valorização da experiência estética, a ruptura de padrões estilísticos e uma visão orgânica dos espaços pelos quais transitam as pessoas.

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Em OFF, por exemplo, Robert leva para a literatura a linguagem cinematográfica, com a narração na primeira pessoa presa ao presente verbal. Também é possível encontrar outros elementos pertencentes à estrutura de roteiro. No livro, a relação do personagem com a cidade que ele habita é tão intensa e profunda que esse espaço público se torna um importante personagem da trama.

Cada livro é um exercício estético novo e independente, como no romance Oficina do Diabo em que o autor coloca em xeque o processo de escrita. A obra é dividida em três capítulos, cujos títulos rementem ao que ele acredita ser as principais ferramentas do seu trabalho: inspiração, memória e experiência, colocando a escrita como a única forma de subsistência de um personagem que perdeu a inspiração, que vê a memória se esvair rapidamente e experimenta um mundo inóspito.

Já no romance Não Há Nada Sob o Feno, lançado no ano passado (2023), a intertextualidade se faz presente no desenho de um relacionamento amoroso que chega ao fim, retratando a angústia da impossível busca pelo esvaziamento existencial, seja pela fuga geográfica ou psicológica. O autor dialoga com a obra A Insustentável Leveza do Ser, do Tcheco Milan Kundera, além de abordar o teatro como um exercício libertador.

Com formação em Comunicação Social e Psicanálise Clínica, Robert de Andrade é um escritor multifacetado que transita por diversas linguagens, o que possibilitou a adaptação de seus textos para o cinema, teatro, podcast e HQ. Sua luta pela democratização cultural, visando dar voz a artistas desconhecidos, o levou a criar o coletivo Os Impublicáveis, em 2007, realizar a edição de revistas de cinema e literatura, além de ser responsável pela edição de mais de 30 livros de autores estreantes.

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