Especialista destaca os principais pontos do problema
Na quinta-feira passada, 22, o jogador de futebol Juan Izquierdo, 27 anos, atleta da equipe uruguaia Nacional, sofreu uma parada cardíaca em campo durante o jogo contra o São Paulo, válido pela Libertadores, na capital paulista. Apesar de ter sido socorrido e levado para o hospital, o quadro neurológico ficou crítico e ele morreu na última terça-feira, 27.
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Segundo o neurocirurgião Jamil Farhat Neto (CRM-SP 141.252 e RQE 74.302), uma parada cardíaca pode causar um delicado quadro neurológico porque o fluxo de sangue, que leva oxigênio e nutrientes essenciais ao cérebro, é interrompido. Sem esse suprimento, as células cerebrais começam a sofrer danos rapidamente. “O cérebro é especialmente sensível à falta de oxigênio, e mesmo uma breve interrupção pode resultar em danos significativos, levando a um quadro neurológico grave, como perda de funções cognitivas, coma, ou até morte cerebral”, explica.
O especialista ressalta que a duração da parada cardíaca é um fator para possíveis danos cerebrais, pois quanto mais tempo o cérebro ficar sem oxigênio, maiores são os danos às células nervosas. Jamil esclarece que, aproximadamente entre 4 e 6 minutos, sem circulação adequada, começam a ocorrer lesões cerebrais irreversíveis, já que cada minuto adicional de falta de oxigênio aumenta o risco de danos neurológicos permanentes.
Jamil lembra que a hipertensão intracraniana ocorre quando há um aumento de pressão dentro do crânio, seja devido a um trauma, um acidente vascular cerebral, uma infecção ou outras condições que afetam o cérebro. Essa pressão pode resultar de edema (inchaço), sangramento, ou acúmulo de líquido cefalorraquidiano. Quando a pressão intracraniana aumenta, o fluxo sanguíneo para o cérebro pode ser comprometido, levando a danos cerebrais se não for tratado rapidamente.
Condições climáticas
No dia da partida em que aconteceu o incidente, o tempo estava frio e úmido na cidade de São Paulo. Perguntado se o clima foi um dos pontos determinantes para o quadro grave do atleta, o médico salienta que, embora possa ter um impacto em pessoas com problemas cardíacos, como aumentar o risco de arritmias em indivíduos predispostos, não há evidências diretas de que essas condições climáticas causem danos neurológicos graves. “O fator principal em casos como o do jogador é que a arritmia cardíaca, em situações de estresse e exercícios físicos em alta performance, pode levar à parada cardíaca que interrompe o fluxo sanguíneo cerebral. O clima pode ser um fator contribuinte, mas não determinante”, afirma.