Um dos projetos mais queridos do Brasil, “Cabaré” tem um fim injusto pela sua magnitude. Cercado de composições de sucesso, shows irreverentes e muita interação com o público, o projeto ficou marcado mesmo pelas suas polêmicas ao longo dos últimos anos.
E você não entendeu errado quando dissemos que o “Cabaré” vai acabar. Sim, um dos maiores projetos da música sertaneja estão com seus dias contados. Mas quer saber? Esse destino poderia muito bem ser diferente.
Carregando...
Não foi possível carregar anúncio
Para entender a derrocada que o projeto sofreu nos últimos anos, até a atualidade, te convidamos a seguir uma linha do tempo para decifrarmos a que ponto chegou o “Cabaré”, de Eduardo Costa, Leonardo, Bruno e Marrone, Gusttavo Lima e até de Marília Mendonça.
Começamos dizendo que o “Cabaré” tal qual conhecemos hoje precisou ser muito moldado para sair do papel. Tudo começou com uma ideia ousada de Eduardo Costa em 2012, quando ele teve a ideia de convidar Leonardo para a gravação de um DVD em um bordel – ou zona na linguagem literal.
Leonardo, embora levemente irreverente, ainda carregava a seriedade e paixões em suas composições, e até chegou a estranhar a proposta inicialmente. Mas, com a carreira em ostracismo e ameaçando cair no esquecimento, um projeto como este poderia ser a sua salvação. E foi.
A princípio, a ideia absurda para muitos acabou sendo negada pela gravadora de ambos, que ficaram com medo da repercussão da ideia. O projeto foi engavetado, mas nunca esquecido por Eduardo Costa, aquele que sonhava dar uma pitada mais ousada para sua carreira.
Em 2014, o sonho voltou a renascer quando ambos passaram a trabalhar na mesma gravadora. Depois de muita insistência, o presidente da Sony Music, Paulo Junqueiro, resolveu dar uma chance ao “Cabaré”, mediante uma reformulação do projeto para ficar mais comercial e menos escandaloso, digamos assim.
A ideia foi gourmetizada e o “Cabaré” logo saiu do papel. Aí surgia um dos projetos colaborativos mais promissores da música sertaneja que mudaria a história do gênero.
No dia 10 de setembro de 2014 a história começava a ser trilhada por Eduardo Costa e Leonardo com a gravação do primeiro DVD do “Cabaré”. Naquela noite, os presentes no Estúdios Quanta, em São Paulo, experienciaram o bordel mais chique de suas vidas. Entre mesas temáticas, muitas bebidas, e dançarinas que poderiam ter vindo de uma peça da Broadway, Eduardo Costa e Leonardo levaram um verdadeiro espetáculo para o público.
O lançamento do “Cabaré”, em novembro daquele ano, foi um repleto sucesso, consequência de um projeto muito bem organizado entre todas as partes. A turnê, que veio em seguida, bateu recorde de públicos e venda de ingressos.
As carreiras de ambos, que andavam meio capengas, deu um salto gigantesco e o valor de seus cachês foi nas nuvens. Leonardo e Eduardo Costa chegaram em um ponto que o público os preferia como uma dupla e não mais cantores solo.
Dois anos depois da primeira gravação, o “Cabaré Night Club”, segundo DVD da dupla, chegou para o público. Ainda mais sofisticado e com investimento pesado da gravadora, o lançamento vendeu feito água no deserto e provou que os amigos formavam uma parceria icônica.
Como um foguete, o projeto só fazia crescer entre o público, que até brigava por ingressos para o “Cabaré”. E cá entre nós, até dizem por aí que foguete não tem ré… mas será que não tem mesmo?
Apesar do sucesso comercial do “Cabaré”, dos abraços e declarações de amor de Eduardo Costa e Leonardo em cima dos palcos, os bastidores mostravam os amigos de forma completamente diferente.
Ao longo daqueles anos, passaram a pipocar informações na mídia, vindas de pessoas que trabalhavam pela dupla, de que a fama excessiva poderia ter subido pela cabeça de Eduardo Costa.
Não foram poucos os relatos que informavam que o cantor sertanejo maltratava sua equipe, produtores de shows, pessoas que trabalhavam nos bastidores e inclusive aquelas ligadas aos próprios contratantes do “Cabaré”.
O comportamento ia aquém do que era apresentado por Leonardo, sempre muito simpático e atencioso com todos, sem exceção. E foi aí que começou o primeiro embate de ambos, resultando em uma pausa temporária do projeto no ano de 2019.
Em 2020, a pandemia estragou todas as possibilidades de qualquer artista brasileiro continuar com sua agenda de shows. O país, em colapso, não tinha um evento sequer que reunisse o público e, graças ao pioneirismo de Gusttavo Lima, as lives sertanejas passaram a ser o refúgio de muitos artistas e fãs durante mais de um ano.
O “Cabaré”, adormecido, passou a sofrer pressão de contratantes para realizar um show online. Embora meio contrariados, Eduardo Costa e Leonardo resolveram subir juntos no palco mais uma vez para levar a alegria e irreverência que só o projeto de ambos conseguia.
Mas o que era para ser um momento de celebração acabou em uma completa tragédia.
Durante a transmissão, que foi regada de muita bebida, Eduardo Costa deu um show de horrores, literalmente. Entre declarações de amor para Leonardo, choro em frente às câmeras e muito mais, a pior parte foi quando milhões de pessoas presenciaram, ao vivo, uma declaração controversa envolvendo a cantora Thaeme.
Na ocasião, o cantor sertanejo disse que iria transar pensando na filha recém-nascida da sertaneja para “também fazer um filho bonito”. O vídeo viralizou, a transmissão acabou, e nos bastidores a briga reinou.
Depois do escândalo, a parceria entre Leonardo e Eduardo Costa foi por água abaixo. Nos dias, semanas e meses subsequentes, eles pararam de se seguir, não voltaram a dar declarações ou sequer apareceram juntos novamente. E, depois de tudo isso, Costa rompeu contrato com a “Talismã”, empresa de Leo que gerenciava seus shows.
A partir daí, Leonardo passou a realizar outras transmissões com nomes icônicos da música sertaneja. Pelo “Cabaré” passaram Gusttavo Lima, Jorge e Mateus, Marília Mendonça e alguns outros, mas foram Bruno e Marrone quem deram o match perfeito para a continuidade do projeto.
Com o toque de irreverência perfeita que o projeto pede, a dupla foi anunciada em rede nacional por Leonardo durante uma participação no “Fantástico”, e logo dividiu opiniões entre os fãs de Eduardo Costa, que não suportaram o fato do projeto estar sendo continuado sem o seu criador.
Durante os últimos dois anos, o “Cabaré” fez grande sucesso, sendo transformado em cachaça, cerveja, ganhou edição em um cruzeiro e, agora, até virou um festival sertanejo, o que pode significar um futuro diferente que apostaremos logo a seguir.
Apesar do grande sucesso, o destino do projeto parece ser fadado às polêmicas de seus membros principais.
Não demorou muito para que o “Cabaré” sob a autoria de Bruno e Marrone virasse palco de revolta popular, especialmente por causa de várias polêmicas do cantor Bruno, que chegou a humilhar seu parceiro de dupla diversas vezes, fazer piadas homofóbicas e até dançar excitado com uma dançarina durante um show.
De acordo com o especialista em música, entretenimento, TV e celebridades, Hedmilton Rodrigues, as constantes polêmicas fizeram Leonardo optar por colocar um fim de vez no “Cabaré”. A agenda de shows do projeto já estimava ser diminuída no próximo ano para ele virar um festival sertanejo, mas ao que parece a ideia declinou.
Em uma publicação recente, um portal de notícias paranaense se refere a um show do “Cabaré” como o “último na cidade de Curitiba”. Será que nos bastidores essa informação já está consolidada?
O que sabemos é que, há tempos, Leo quer dar um novo rumo para sua carreira. Antes dos planos de se aposentar, ele quer ver o filme “Não Aprendi Dizer Adeus” sair do papel e, sobretudo, sair em turnê ao lado dos seus filhos cantando seus grandes sucessos. Neste projeto, ele certamente passará sua coroa da música sertaneja para os herdeiros.
E sinceramente? O “Cabaré” não precisava de nada disso. Como um projeto grande, alegre e irreverente, nunca feito antes da música sertaneja, cai em um ostracismo desse? Onde a polêmica fala mais alto que o grande talento de seus intérpretes?
Se ano que vem realmente não tivermos mais o “Cabaré”, sinto em dizer que esse foi um fim melancólico para um dos maiores projetos das últimas décadas. Afinal de contas, quem sai perdendo são o público e a arte.
Com colaboração de Hernane Freitas