Entrevista +18

Luiza Marcato fala de preconceito com quem opta pelo trabalho através do corpo: “não é um mundo encantado”

Modelo converteu preocupação de vazamento de nudes e utilizou isso a seu favor para maketing pessoal

Publicado em 27/11/2022
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Depois de ver sua vida transformada com os conteúdos adultos no OnlyFans, a modelo e atriz Luiza Marcato decidiu ajudar outras mulheres que sonham com a independência financeira e, assim como ela, são exibicionistas. Ela acaba de lançar uma consultoria para formar novas milionárias na plataforma.

A ideia é ensinar o ‘caminho das pedras’, dar dicas práticas e mostrar como sair do absoluto zero para o primeiro milhão de reais com a venda de nudes. No OnlyFans há dois anos, ela se divorciou para se dedicar aos assinantes e hoje está no top 1 mundial da plataforma.

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Segundo ela, a ideia da consultoria surgiu durante as ações do concurso Bela da Copa do Mundo, quando outras concorrentes se interessaram pelo assunto. Luiza representa o Catar e tem aproveitado o projeto para criar conteúdos temáticos – sobre futebol – para o OnlyFans, inclusive com outras participantes.

Em sua consultoria, Luiza explica sobre o mercado sensual, fala sobre as dificuldades de começar ensina a lidar com preconceito e mostra como turbinar o marketing para conquistar assinantes. Ela também ensina como montar a rotina de gravações, postar conteúdos e interagir com os fãs. Confira a entrevista!

Recentemente, você decidiu empreender com um tipo de curso bem inusitado, por assim dizer, porém, que tem levantado uma grande tendência, que é o investimento em material erótico através da rede OnlyFans. Queria saber primeiramente, como foi o seu início nessa plataforma e se realmente percebeu que existe um público ativo disposto a pagar por esses conteúdos?

Entrei no OnlyFans de forma inesperada. Estava vivendo um relacionamento abusivo, não tinha liberdade e não estava feliz. Levava uma vida normal, de mãe, esposa e dona de casa. Mas já tinha vontade de ser modelo, acho que toda adolescente já se imaginou desfilando ou na TV (risos). Também sempre gostei de me exibir e de fotografar. Foi quando comecei a ver notícias sobre as plataformas sensuais. Foi então que pensei em unir o útil ao agradável. Meu relacionamento já estava falido e precisava ganhar dinheiro. Conquistei minha independência financeira, me empoderei e mudei radicalmente a minha vida. Claro que levou tempo, trabalhei bastante e fui estratégica. Ao longo desses quase 3 anos, percebi que muitas meninas, assim como eu, decidiram entrar de repente nesse mercado. E como é muito competitivo, não possuem informações e dominam totalmente essas plataformas. Foi então que decidi criar a consultoria, assim consigo direcionar as modelos, dar dicas e orientar para o sucesso. Minha missão é formar novas milionárias, poderosas e independentes.

A novidade mais recente que chegou de você foi o seu curso, onde ensina a mulheres como conseguir aumentar a renda através da venda de nudes. Infelizmente existem muitas promessas e cursos que garantem diversos resultados. Por experiência própria, qual acredita ser a probabilidade de retorno do seu curso e quais os feedbacks que vem recebendo? O OnlyFans realmente apresentou uma grande mudança em sua situação financeira?

O OnlyFans mudou a minha vida e pode mudar a de qualquer outra modelo ou influencer. Vivi para as plataformas nos últimos três anos. Acertei, errei, corrigi falhas e aprendi muitas estratégias que realmente funcionam. É isso que quero compartilhar com outras modelos e criadoras de conteúdo. Quero mostrar o que dá certo e o que não funciona. Quero falar de macetes que ninguém ensina por aí. A ideia da minha consultoria é mostrar o caminho das pedras. Se a modelo aplicar tudo aquilo que falo, ela consegue ter o mesmo resultado que eu tenho. Ou seja: faturar pelo menos R$ 50 mil por mês, ter independência financeira e liberdade para trabalhar no seu tempo e onde quiser. É simples. Tenho um passo a passo para ser cumprido. Não tem teoria, é prática. A modelo só precisa ter energia e estar disposta a entrar no jogo, a fazer acontecer. E no caso da consultoria, se a modelo não tiver os resultados esperados, ela pode pedir o dinheiro de volta.

Luiza Marcato (Foto: Fernando Ducatti)

Apesar de ser famosa na rede social, você também é atriz e modelo. Em relação ao mercado de trabalho artístico ao que recebe na internet, hoje você calcula que a dramaturgia ou as passarelas conseguiriam te dar o que você tem hoje através da rede?

Nunca (risos). As plataformas são uma mina de dinheiro. Tudo que está voltado a sexo, vende muito. É natural do ser humano. É aquela necessidade de prazer. Mas nem tudo é dinheiro apenas. Tenho uma visão bem legal de médio-longo prazo. Sei que tenho um prazo de validade e que o OnlyFans, por exemplo, vai saturar no futuro. É natural, são ciclos e novidades vão surgindo. Por isso invisto em outras áreas também. Estou na RedeTV como atriz das pegadinhas, que me traz muita visibilidade e acaba me dando status, e acabei de entrar no concurso Bela da Copa do Mundo. Também faço trabalhos como modelo fotográfica e estou empreendendo. Em breve vou lançar meu próprio negócio. Tudo isso traz retorno financeiro, claro. Mas não podemos comparar com o OnlyFans. Hoje, tenho um alto padrão de vida por conta dos meus conteúdos adultos.

Já não é tão recente assim que começamos a esbarrar com diversos artigos na internet e notícias que apontam casos de vazamentos de conteúdo íntimo na rede, valendo citar inclusive o caso da Carolina Dieckmann que ficou famoso em 2012 e que inclusive tornou-se proibido por lei esse tipo de vazamento. Apesar de trabalhar com o seu próprio corpo, esses tipos de ataque já chegaram a causar preocupação na sua vida ou pelo menos refletir sobre essas situações?

Hoje encaro de forma diferente esse lance dos vazamentos. Tudo que cai na web é publicidade para mim (risos). Essa é a real. Aliás, no início cheguei a vazar meus próprios nudes para gerar curiosidade em grupos de WhatsApp e Telegram. Foi uma estratégia que me trouxe muitos assinantes, talvez R$ 100 mil de faturamento naquele início. O que prejudica realmente são os grupos de pirataria. Acho inclusive que deveria existir um canal mais rápido para denunciar e tirar esses materiais do ar. Mas sempre penso: quem realmente gosta de mim e do meu conteúdo, vai assinar de qualquer maneira. Porque além de fotos e vídeos, ali nas plataformas ele tem contato íntimo comigo. Ele se torna uma pessoa próxima e tem benefícios. Então a pirataria não substitui um perfil oficial.

Sem querer puxar por um lado negativo, através da sua imagem na mídia, você se afirma muito exibicionista. Nesses casos de personalidades e pensamentos, acredita que exista algum “perfil ideal” para se estar presente em uma rede igual ao OnlyFans, ou ela seria apenas para algumas pessoas?

Para estar no OnlyFans ou em qualquer plataforma sensual precisa gostar de se exibir e ser muito sociável. E esse segundo ponto é bem importante porque o assinante não quer só te ver nua ali, ele quer conversar com você, quer ter um contato próximo. Então mais do que se mostrar, precisa interagir, conversar e gostar dessa coisa social. Se a modelo tiver isso, o sucesso é certo.

Luiza Marcato (Foto: Fernando Ducatti)

Em um depoimento que deu em uma de suas matérias, você afirmou que “Muitas não acreditam que dá para fazer milhões na internet. E é verdade, eu fiquei rica vendendo nudes.” – olhando por esse ponto, se o Only se torna uma solução boa para conseguir ficar milionário(a), porque todas as pessoas ainda não estão utilizando essa rede? Aumentar a concorrência lá, não seria um risco?

O OnlyFans realmente pode deixar qualquer pessoa milionária, mas nem todas estão dispostas e pagar o preço. Nem todas as modelos, por exemplo, querem se expor dessa forma, nem todas querem posar nuas. Nesse caso, elas vão buscar outros trabalhos e alternativas. Mas, assim como qualquer outra área, para ganhar muito dinheiro, precisa ter foco, dedicação, estratégia e energia. Já sobre aumentar a concorrência, não vejo problema. Acredito que existe espaço para todas. Até porque os homens gostam de vários perfis. Não sou egoísta ao ponto de dizer que o OnlyFans é uma furada só para afastar ‘concorrentes’. Sou bem direta e transparente, se está dando certo para mim, vou incentivar outras mulheres a entrarem. Justamente por isso criei minha consultoria.

Por mais promissor que possa ser, muitas pessoas que fazem esses tipos de conteúdo, acabam se tornando alvos de ataques e preconceitos quando expõe a “oferta do seu produto”, divulgando que vivem ou trabalham com a venda de material erótico. Você já foi alvo ou possui alguma opinião em relação a esse preconceito atualmente?

O preconceito sempre vai existir e é muito importante que a modelo aprenda a lidar com isso. Não é um mundo encantado, existem dificuldades, críticas e ataques. Eu, por exemplo, tive problemas com a minha família. Mas tive que encarar e hoje está tudo bem. Essa consciência é importante para quem entra nas plataformas. Precisa pagar o preço e saber que percalços vão existir. Como não dou valor para os haters, hoje não recebo mais críticas ou comentários maldosos, mas no início foi complicado. Eu simples ignorava e seguia em frente. Essa foi minha estratégia para superar o preconceito.

Em uma das suas citações, você afirma que a produção de conteúdo vai muito além de pegar uma câmera e se fotografar, e chega a passar por várias estratégicas, tanto de marketing como criativas. Nesse caso, qual foi o conteúdo que mais deu trabalho de ser produzido, que você se recorde?

Todos os conteúdos dão bastante trabalho (risos), principalmente aqueles com outras modelos ou atores. Tem toda uma logística, escolher tema do vídeo, a historinha que vamos contar, a locação onde vamos gravar, o roteiro, a edição, marketing etc. Tudo é pensado para dar resultado. Gravamos uma série recentemente, que chama ‘As Estagiárias’. Foi uma produção bem trabalhosa, dias e dias gravando e pensando nos roteiros. O resultado ficou incrível, mas as pessoas nem imaginam a correria nos bastidores.

Luiza Marcato (Foto: Fernando Ducatti)

Infelizmente, tanto em um contexto político como econômico em si, o Brasil ainda apresenta níveis altos de pobreza e muitos ainda vivem em situação de baixa renda. Sem querer generalizar o conteúdo erótico como uma solução geral para todos, em sua opinião, a solução para a melhora desse quadro poderia estar na exploração de oportunidades que vem da internet?

Costumo dizer que só vive sem dinheiro quem ainda não descobriu o poder da internet. Se a pessoa tem um bom produto ou serviço e usa as redes sociais para fazer marketing, a grana vem. E é exatamente isso que faço. Poderia estar vendendo sapatos, por exemplo, mas decidi vender meus nudes. E uso a internet para divulgar e chegar a mais pessoas. E isso me traz mais assinantes e lucros. Essa é a dinâmica da coisa. Funciona com todo mundo que faz um esforço, entende o poder da internet e entra nisso. Simples assim.

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