Responsável por interpretar a professora Natália da supersérie Os Dias Eram Assim, a atriz Mariana Lima foi entrevistada pela revista Marie Claire e falou sobre seu papel na trama, uma professora de História da época da ditadura militar, e também sobre a situação em que se encontra o Brasil atualmente.
“Foi muito instigante e mobilizador para mim fazer essa professora porque é um assunto que faz parte da minha vida. Já quis ser historiadora e leio muito sobre história, política, sociologia e ciências sociais. Eu já tinha uma biblioteca em casa com textos que serviram para construir a personagem. Tenho profunda admiração por quem se dedica a ensinar os jovens a terem pensamento crítico, a refletirem sobre as circunstâncias em que vivemos, sobre o passado que nos formou e um futuro possível, humano, digno, feitos do respeito às diferenças”, disse a atriz à revista.
Carregando...
Não foi possível carregar anúncio
E completou: “Hoje, me dá arrepios ver que vivemos num mundo onde temos a escola sem partido, o sucateamento das universidades e escolas públicas, os cortes em bolsas de pesquisa e financiamento de estudos e o pensamento de que a universidade pública deverá deixar de existir. Fazer essa personagem tem sido importante por esse motivo também, para nos lembramos disso”.
Globo repete assunto em Sob Pressão e Os Dias Eram Assim, mas merece elogios por isso
Perguntada sobre o que há de diferente e igual ao se comparar o Brasil da ditadura com o Brasil de agora, ela afirmou que vivemos uma outra forma de regime de exceção. “Vivemos outro tipo de ditadura, tanto ou mais violenta. Não se tortura mais nos porões, mas a céu aberto. Quando a polícia entra na favela e sai atirando, quando crianças e idosos morrem na fila de hospitais super lotados, quando você tira a chance de crianças estudarem no ensino público e garantirem um futuro, você está torturando e matando”, falou.
“Também é ditadura a do dinheiro, a da meritocracia, a do ‘deixa morrer porque já tem muita gente no mundo’ e a do ‘não há comida para todos’. A ditadura do 1 por cento, dos 10 por cento que podem ter acesso ao mercado de ensino, saúde, segurança… Vivemos um momento muito triste do Brasil, onde aprendemos a conviver com a desigualdade como se fosse parte da nossa natureza. E ela não é! Não me conformo”, encerrou Mariana.