Historiadora crítica filme de Beyoncé e é “cancelada” por IZA e lideranças negras

Publicado em 03/08/2020
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Beyoncé lançou na última sexta-feira (31) o seu novo trabalho audiovisual intitulado BLACK IS KING, entretanto, o filme tem gerado as mais diversas reações nas redes sociais e na imprensa tanto brasileira, como internacional.

A mais recente e cheia de polêmicas, foi a nota de Lilia Schwarcz, que é uma das principais historiadoras do movimento negro brasileiro. Ela escreveu, na Folha de S. Paulo o seguinte artigo: Beyoncé erra ao glamorizar negritude com estampa de oncinha.”

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Diva pop precisa entender que a luta antirracista não se faz só com pompa, artifício hollywoodiano, brilho e cristal“, continua a nota. Após soltar a opinião, ela recebeu críticas de anônimos a famosos, e entrou na lista de “cancelados” das redes sociais.

IZA por exemplo, foi uma das artistas que se manifestou sobre o tema. Negra, a cantora sempre levanta a questão do racismo em suas apresentações. “Lilia Schwarcz, meu anjo, quem precisa entender SOU EU. Eu preciso entender que privilégio é esse que te faz pensar que você tem uma autoridade para ensinar uma mulher negra como ela deve, ou não, falar sobre seu povo. Se eu fosse você (valeu Deus) estaria com vergonha agora. MELHORE!“, disse a cantora, revoltada.

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Comentário de IZA sobre nota (FOTO: Reprodução)

O ator e cantor Ícaro Silva também não aprovou a opinião da historiadora. “Você é uma grande vergonha. Não somente para o Brasil e para o povo preto, mas para todos os povos aqui presentes. Não vejo por onde defender seu declarado racismo, sua arrogância branca elitista em se dar o direito não somente de reduzir uma obra-prima ao nicho ‘antirracista’, mas em acreditar que tem conhecimento antropológico sobre África“, apontou.

Assim como Maíra Azevedo, também conhecida por Tia Ma, também mandou um recado sobre a nota. Ela é jornalista e humorista, além de ativista da causa. “O erro é uma mulher branca acreditar que pode dizer a uma mulher preta como ela pode contar a história e narrar a sua ancestralidade. A branquitude acostumou a ter a negritude como objeto de estudo e segue crendo que pode nos dizer o que falar sobre nossas narrativas e trajetórias“, desabafou.

Ela continua: “Lilia é uma historiadora, pesquisa sobre escravidão? Mas está longe de sentir na pele o que é ser uma mulher preta. Beyoncé do alto da sua realeza no mundo pop nunca deixar de ser negra, mesmo sentada no trono em sua sala de estar. A branquitude segue acreditando que pode nos ensinar a contar nossa própria história. Enquanto todas as pessoas negras se emocionam, se reconhecem e se identificam, a branca aliada diz que Beyonce deixa a desejar! É isso! No final nós por nós e falando por nós“.

Por fim, ela ressalta: “Como diz um provérbio africano: ‘enquanto os leões não contarem suas próprias histórias, os caçadores seguirão sendo vistos como heróis’… E aqui, quando a gente conta, dramatiza e sonoriza querem apontar o roteiro! Parem! Estamos no comando das nossas narrativas.”

A atriz, apresentadora e roteirista Luana Xavier, fez um vídeo em desabafo.

Veja:

Após a repercussão negativa sobre o texto, Lilia Schwarcz fez uma publicação pediu desculpas.

Agradeço a todos os comentários e sugestões. Sempre. Gostaria de esclarecer que gostei demais do trabalho de Beyoncé. Penso que faz parte da democracia discordar. Faz parte da democracia inclusive apresentar com respeito argumentos discordantes. Já escrevi artigo super elogioso à Beyoncé, nesse mesmo jornal o que só mostra meu respeito pela artista. E por respeitar, me permiti comentar um aspecto e não o vídeo todo“, explicou.

Agradeço demais a leitura completa do ensaio. Penso que o título também levou a má compreensão. Dito isso, sei que todo texto pode ter várias interpretações e me desculpo diante das pessoas que ofendi. Não foi minha intenção. Continuamos no diálogo que nos une por aqui“, finalizou.

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