
Ao longo das décadas, a TV Globo produziu novelas que marcaram a teledramaturgia brasileira, não apenas por suas tramas envolventes, mas também por cenas que geraram intensos debates e controvérsias. Algumas dessas sequências desafiaram tabus sociais, enquanto outras foram alvo de críticas por abordagens consideradas inadequadas.
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Claudia Lira, a Vandinha de ‘História de Amor’, fala sobre ausência das novelasAutor revela por que Flora, de A Favorita, não apareceu no Encontro das Vilãs da GloboGlobo vai lançar novelas curtas com 60 capítulosEm 1980, “Coração Alado”, escrita por Janete Clair, exibiu uma das cenas mais controversas da televisão brasileira. A personagem Catucha, interpretada por Débora Duarte, protagonizou uma sequência que sugeria masturbação feminina, algo inédito na época. A situação se agravou quando, por um erro técnico, o áudio do diretor orientando a atriz durante a gravação foi ao ar. A repercussão foi tão negativa que a emissora decidiu apagar a fita do capítulo e retirar o script dos arquivos.
Mais recentemente, “O Outro Lado do Paraíso” (2017) enfrentou críticas por diversas cenas. Uma delas envolveu a personagem Clara, que foi internada em um hospital psiquiátrico e submetida a tratamentos de choque, retratados de forma questionável. A Associação Brasileira de Psiquiatria manifestou preocupação com a representação do tratamento, destacando a necessidade de responsabilidade ao abordar temas tão sensíveis.
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Em 2018, “Segundo Sol” apresentou uma trama em que a personagem Rochelle acusava falsamente Roberval de estupro como forma de vingança. A cena foi amplamente criticada por perpetuar estereótipos prejudiciais e minimizar a gravidade de falsas acusações, especialmente em um contexto onde vítimas reais já enfrentam dificuldades para serem ouvidas e acreditadas.
A novela “A Força do Querer” (2017) também gerou debates ao retratar a jornada de Ivana, uma pessoa transgênero em processo de transição. Embora tenha sido elogiada por trazer visibilidade à comunidade trans, a escolha de uma atriz cisgênero para o papel e algumas abordagens na trama foram questionadas por representantes da comunidade LGBTQIA+, que pediram por uma representação mais autêntica e sensível.
Por fim, “A Próxima Vítima” (1995) exibiu uma cena em que o personagem Marcelo agride fisicamente sua esposa Isabela. A sequência gerou indignação e levou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher a protestar contra a emissora, argumentando que a cena naturalizava a violência doméstica e reforçava comportamentos machistas.
Essas cenas evidenciam a influência das novelas na formação de opiniões e na discussão de temas sociais. Enquanto algumas abordagens são vistas como avanços na representação de questões importantes, outras servem como alerta sobre a responsabilidade da mídia em tratar assuntos delicados com cuidado e respeito.