O mundo bancário, frequentemente percebido como um ambiente de segurança e estabilidade, esconde sob sua superfície polida uma realidade perturbadora e frequentemente ignorada: a omissão dos acidentes de trabalho entre bancários. Este fenômeno, notavelmente subestimado, não só afeta profundamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, mas também é exacerbado por uma falta gritante de reconhecimento e apoio.
Dr. Rafael Fernandes, especialista em acidentes de trabalho e saúde do trabalhador, alerta para a necessidade crítica de reconhecer e enfrentar a verdadeira extensão deste problema. Ele destaca que “Os acidentes de trabalho entre bancários são frequentemente minimizados ou completamente ignorados devido à falsa percepção de que o ambiente bancário é intrinsecamente seguro. Os riscos, embora reais, são invisibilizados.”
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A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou um recurso de um banco contra uma decisão que o condenou a pagar R$ 500 mil por não emitir Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT). Este caso sublinha a negligência corporativa e as sérias repercussões financeiras e legais resultantes da falta de cumprimento das obrigações de segurança e saúde no trabalho. “A omissão e negligência da Empresa no procedimento de emissão da CAT de seus empregados, de maneira generalizada, como demonstrou as provas, evidenciou o efetivo prejuízo gerado para os trabalhadores. É que tal procedimento (comunicação do acidente à Previdência Social) tem elevada importância para o controle dos Órgãos do Poder Executivo sobre o cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho no âmbito das empresas (e, consequentemente, para a prevenção de acidentes), bem como para facilitar a percepção de benefícios previdenciários pelos trabalhadores, em caso de acometimento por doenças incapacitantes.” (Processo nº AIRR-54600-83.2014.5.13.0004).
“Aliado ao problema do desenvolvimento das lesões, seja física ou mental, os bancários se deparam com a omissão na emissão da CAT, desencorajado-os a relatar acidentes de trabalho ou problemas de saúde relacionados, com medo de represálias ou de serem desacreditados”, observa Dr. Rafael Fernandes, sócio do escritório Othelo e Fernandes advogados associados. “Este ciclo de silêncio e invisibilidade só perpetua o problema e impede a implementação de soluções efetivas.”
Além dos danos físicos, a omissão de acidentes e condições adversas podem ter efeitos devastadores sobre a saúde mental dos bancários. O estigma em torno das questões relacionadas a LER/DORT e lesões à saúde psíquica no ambiente de trabalho muitas vezes impedem que esses trabalhadores procurem a ajuda necessária, levando a problemas como ansiedade e depressão.
Para enfrentar eficazmente este problema, é fundamental que os bancos adotem medidas proativas para reconhecer e abordar os riscos ocupacionais, implementando políticas de segurança robustas, fornecendo treinamento adequado e estabelecendo sistemas de apoio para aqueles que sofrem acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.
“É imperativo uma mudança de mentalidade dentro da indústria bancária”, enfatiza o Dr. Rafael Fernandes. “Os bancos precisam priorizar a saúde e o bem-estar de seus funcionários acima de tudo, reconhecendo e mitigando os riscos que enfrentam. Somente assim poderemos garantir um ambiente de trabalho verdadeiramente seguro e saudável para todos.”
Reconhecer a omissão dos acidentes de trabalho é o primeiro passo para criar um ambiente de trabalho que promova a saúde, segurança e o bem-estar dos bancários, abordando tanto os aspectos físicos quanto emocionais e psicológicos de forma holística e proativa.