MC Carol abre o coração e fala sobre racismo no Twitter: “Me olhavam com nojo”

Publicado em 17/02/2019
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A funkeira MC Carol resolveu se abrir neste domingo (17), em seu Twitter. Ela falou sobre o racismo que sofreu durante toda sua vida, desde pequena. “Eu cresci sofrendo racismo e gordofobia, mas o racismo sempre foi mais pesado”, começou.

“Eu era chamada de ‘macaca’ e ‘cabelo de Bombril’ quase todos os dias. Eu cresci com medo, medo de brancos, de entrar em ‘ambientes brancos’. Depois de tantos anos eu ainda tenho alguns receios, como entrar em um restaurante caro, por exemplo. Meu receio faz sentido, porque o racismo nunca esteve tão vivo. Talvez esteja mais indireto, mas ainda existe”, disse ainda.

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“Eu fui trancada no banheiro por meninas brancas. Já postei sobre isso e fui questionada por lembrar disso tão pequena, deve ser porque, quando dói muito, marca. Eu saí de casa feliz com meu avô e, quando meu avô foi me buscar, eu pedi socorro, chorando. Cheguei em casa, logo no primeiro dia, não querendo nunca mais voltar naquele lugar”, relembrou.

“Eu saí da creche da comunidade e fui para um colégio em que a maioria não era de comunidade, não vestiam roupas simples, não calçavam sapatos simples e não tinham mochilas simples iguais às minhas. Eles me olhavam com nojo, implicavam com tudo, principalmente com minha mochila e o meu cabelo”, falou.

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A famosa ainda disse que ficou na escola até a 5ª série, pois sua família dizia que o ensino era bom, no local. Segundo Carol, só tinham cinco pessoas que a tratavam bem na escola, como o porteiro, por exemplo. “Não havia quase negros naquele colégio, eu era minoria. Os poucos negros ali já tinham uma mente racista”, disparou a dona do hit ‘Minha vó tá maluca’.

Festas juninas

A estrela ainda lembrou de um caso que aconteceu com ela na escola, na época das festas juninas. Ela iria dançar com um colega loiro. “Minha vó, com todo carinho, mesmo sem dinheiro, pediu pra fazer esse vestido. Eu estava muito feliz até chegar ao colégio e descobrir que o noivinho não ia aparecer, porque ele queria dançar com outra menina da sala. Como eu era a única negra da turma, eu entendi tudo.”

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“Foi ensinado pra mim a sempre ter medo por ser negra e por ser mulher. A ter medo de aceitar coisas de homens, principalmente carona, a ter medo de andar a noite na rua, principalmente de roupa curta, a ter medo de ficar perto da bolsa ou dinheiro de alguém pelo fato de ser negra”, desabafou ainda.

Pedro Gonzaga

Sobre o caso do garoto que morreu sufocado por um segurança, em um supermercado no Rio, a funkeira falou: “Isso não é coincidência, isso é racismo, e racismo mata! Não existem chacinas com meninos loiros. Homens brancos de olhos azuis não são presos e mortos porque foram confundidos. Isso é um absurdo! Nossas vidas importam! Vidas negras importam!”, finalizou.

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