A Caixa Econômica Federal pagou R$ 1,1 milhão ao cantor sertanejo Gusttavo Lima por um comercial da Mega da Virada, um dos maiores prêmios das loterias no ano. A informação veio à tona nesta segunda-feira (24/4) pela agência Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
O contrato entre o banco e a empresa de Gusttavo Lima incluía a composição do jingle da campanha da Mega da Virada 2020 e a produção de um vídeo de pouco mais de 1 minuto veiculado em TVs do país. Além disso, o acordo previa a produção e distribuição de peças publicitárias em meios impressos, redes sociais e plataformas de streaming.
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A divulgação ocorre somente depois de o banco estatal ter sido demandada pela Controladoria-Geral da União (CGU), provocada por recurso feito pela agência Fiquem Sabendo.
A divulgação encerra uma demanda iniciada pela FS ainda em janeiro de 2021, quando registramos o primeiro pedido de informação para acessar contratos de publicidade feitos pela empresa pública. Todas as solicitações, até agora, eram negadas sob alegação de sigilo de informação pessoal, segredo industrial, dentre outros.
Com a divulgação, a FS abre mais um precedente para que outros contratos do tipo possam também ser divulgados, com detalhes de valores pagos, dentre outras informações.
A divulgação do contrato ocorre após uma polêmica envolvendo o cantor sertanejo e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no final do último ano. Rumores sugeriam que Jair Bolsonaro teria imposto um sigilo de 100 anos no contrato relacionado à contratação do artista. A Caixa e Gusttavo Lima negaram que o documento estivesse em segredo.
Entenda o caso
No ano passado, Gusttavo Lima protagonizou o comercial da Mega da Virada, e seu cachê teria sido ocultado por um suposto sigilo de 100 anos, a pedido de Bolsonaro. O cantor é amigo próximo de Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente, e essa relação teria proporcionado benefícios ao marido de Andressa Suita.
De acordo com o Portal da Transparência do Governo Federal, a Caixa desembolsou mais de R$ 10 milhões na campanha da Mega da Virada. No entanto, o cachê recebido pelo cantor sertanejo teria sido mantido em sigilo a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Apoiador convicto do ex-presidente, Gusttavo Lima ignorou as recomendações de isolamento durante a pandemia, pressionando governos pela liberação de shows, mas se manteve em silêncio sobre a vacinação. Antes do final do segundo turno, o cantor esteve ao lado de Bolsonaro em Brasília, acompanhado de outros sertanejos, pedindo votos aos seus fãs.
Gusttavo Lima é um dos nomes investigados por supostos cachês superfaturados e contratações sem licitação realizadas por prefeituras de diversos estados do Brasil. Com a revelação do contrato entre o cantor e a Caixa, a polêmica sobre o suposto sigilo de 100 anos pode ser esclarecida e o debate sobre o assunto retomado.
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