Serginho Groisman e equipe acertam no formato do “Altas Horas”

Não dá para esconder que a nossa cultura perdeu a identidade e hoje a TV em sua maioria está importando formatos de programas de sucesso na Europa, América Latina e Estados Unidos que tem uma cultura e colonização bem diferente da nossa.

A crise nos programas de TV é evidente, grande parte das emissoras não chegam a dar 3 pontos de audiência e além de concorrer com as emissoras, existem brigas e rivalidades dentro da própria emissora, devido a fatia do mercado publicitário que a cada dia está menor, devido ao crescimento do streaming, do YouTube e das redes sociais.

Executivos de televisão ralam para manter a audiência, assim como produtores em busca de ideias criativas que tentam de toda forma fixar o telespectador em frente à televisão e darem resultados na audiência e consequentemente retorno aos anunciantes.

No meio dessa loucura, Serginho Groismann e sua competente equipe de televisão apostaram no óbvio levando artistas que fizeram muito sucesso nos anos 70, 80 e 90 e misturando com novos sucessos no meio artístico e o resultado é fantástico, hoje o programa “Altas Horas” é o maior espaço democrático para a cultura no Brasil, um país administrado por pessoas que não querem dar espaço para isso. Assistir o programa na edição do dia 30 nos levou aos programas de auditório dos anos 70 e 80, como Chacrinha, Bolinha, Barros de Alencar com muito upgrade.

Assistir o programa nesse padrão é libertador, além de dar a sensação de resgatarmos um passado que nosso país, mesmo vivendo em uma fase dura militar, era mais feliz e as pessoas viviam com mais qualidade. E esses artistas, grandes guerreiros, sem assessoria e empresários competentes, vendiam milhões de discos, faziam shows em circos, cinemas e praças públicas e grande parte deles vivem atualmente em dificuldades financeiras, enquanto as gravadoras que ficaram com o filão maior de seu faturamento na vendagem de discos, simplesmente desapareceram com a inclusão do digital.

Serginho recebe esses artistas com o carinho e respeito que merecem pela sua trajetória e transformam as noites de sábado muito mais felizes, sem falar na banda perfeita que os acompanham.

Assistir “Altas Horas” é voltar no tempo, reconhecer e reverenciar esses talentos e lembrar momentos históricos da nossa televisão que dava 80, 90 pontos de audiência levando esses artistas incrivelmente maravilhosos para alegrias a vida do povo.

No programa de hoje, 30 de Julho, “Altas Horas” acertou a fórmula, genuinamente brasileira, sem copiar os “enlatados” e transformar nossa TV em um celeiro de baixarias e gente sem talento. Sergio Groisman e sua equipe merecem meu respeito, repitam isso, a audiência agradece.