Roberto Medina, criador do ‘Rock in Rio’ apresentou o ‘Espaço Favela’, primeira novidade da edição de 2019

Publicado em 25/04/2018
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Texto/Entrevista: André Romano | Edição: Matheus Henrique

Depois de ganhar uma nova Cidade do Rock e apresentar três novos grandes espaços em 2017, a próxima edição do Rock in Rio, em 2019, já conta com uma grande atração: o Espaço Favela. Com uma cenografia grandiosa, lúdica e bem colorida, vai retratar a pluralidade cultural das comunidades do Rio de Janeiro.

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O objetivo é amplificar o olhar sobre as favelas e reforçar a esperança a partir da movimentação da economia criativa. O palco trará a reunião de talentos da música e em seu entorno haverá um retrato da culinária presente nas comunidades do
Rio de Janeiro. O Rock in Rio vai evidenciar novos talentos não apenas para o festival, mas para o país e para o mundo. A iniciativa conta com a parceria do Sebrae, Viva Rio e CUFA (Central Única das Favelas) e a expectativa é que alcance 10 mil empreendedores, pequenos negócios e profissionais nas regiões selecionadas.

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“O Espaço Favela vai trazer o olhar para as comunidades, vai retratar a alegria de seus moradores. Vamos amplificar este universo dando vida aos seus personagens. Pessoas do bem que trabalham e buscam melhores oportunidades e condições de vida. Gente trabalhadora e guerreira que ilustra estas comunidades. A ideia vai além de ser apenas uma apresentação no Rock in Rio, queremos iniciar um movimento que traga esperança e oportunidades para quem vive nas comunidades”, conta
Roberto Medina, presidente do Rock in Rio.

Com a curadoria artística de Zé Ricardo, o palco apresentará uma seleção do que há de melhor nas favelas cariocas, valorizando suas diversas manifestações culturais. Serão selecionados artistas dos mais variados gêneros e estilos, incluindo o samba, o funk, a MPB e até grupos de percussão e orquestras. Também serão evidenciadas as culturas do hip hop com suas particularidades, como o break, o rap, o grafite e DJs, além de grupos de percussão, dança e teatro.

Espaço Favela – Rock In Rio (FOTO: Divulgação)

A parceria com Viva Rio e CUFA vai garantir um olhar abrangente para as comunidades cariocas. Estas entidades vão ajudar no trabalho de pesquisa para o palco. Além do cachê, os artistas terão também todos seus custos logísticos cobertos, assim como qualquer orientação que seja necessária para deixar o show ainda melhor. Todos serão responsáveis por levar ao palco aspectos que elevem o moral das pessoas que vivem nas comunidades.

“Aqui não teremos assistencialismo. Queremos evidenciar o que é bom nas comunidades, não falta gente com conteúdo relevante para somar na cena artística do festival. A favela é sim um caldeirão de criatividade, de vários estilos. A ideia é potencializar e mostrar os talentos que estão dentro das comunidades. Faremos uma curadoria musical sempre considerando a diversidade e a mesma dinâmica se aplicará ao espaço como um todo”, explica Zé Ricardo, curador artístico do Espaço Favela, lembrando que nesta primeira edição serão contempladas as comunidades do Rio de Janeiro, mas que a expectativa é que este trabalho possa ser expandido para todo o Brasil.

Zé Ricardo reforça ainda que um primeiro passo para encontrar estes talentos já foi dado e que o grupo cultural ‘Nós do Morro’ contribuirá nesta curadoria e já está trabalhando para um espetáculo de dança exclusivo para o espaço.

Conferência sobre o Rock In Rio (FOTO: Divulgação)

Além da parte artística, o palco também vai ser um ambiente para impulsionar os negócios de microempreendedores, a partir do investimento nos talentos da gastronomia das comunidades. Juntamente com o Sebrae, a organização do festival vai oferecer uma oportunidade única para os pequenos negócios, que poderão estar em contato com cerca de 700 mil pessoas ao longo de todo o Rock in Rio. Todos receberão qualificação e suporte na legalização da operação. Após o evento, o Rock in Rio cederá os equipamentos para suas cozinhas, possibilitando assim a continuidade e alavancagem do seu negócio.

“Nós reconhecemos o talento e a criatividade nos negócios que existem nas favelas. Ali se gera emprego. Ali foram encontrados caminhos para se contornar a crise. O Sebrae pode oferecer cursos, orientar como montar seu negócio e facilitar o acesso ao crédito. Uma das nossas ideias é levar para estes microempreendedores as ‘fintechs’, pequenas empresas tecnológicas que podem ajudar na concessão de crédito”, garantiu o presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos.

E, Cezar Vasquez, diretor-superintendente do Sebrae/RJ, reforça que cada vez mais é preciso acreditar no potencial empreendedor e realizador das favelas do Rio. “Quando unimos forças com parceiros estratégicos, contribuímos para geração de trabalho e renda nas comunidades das sete maiores cidades da região metropolitana do estado. A previsão é que junto com o Rock in Rio, o Sebrae/RJ atenda 10 mil empreendedores”.

Palestras sobre o Rock In Rio (FOTO: Divulgação)

Já a CUFA, vai fazer a curadoria dos artistas que darão ainda mais realidade ao palco, fazendo intervenções em grafite na cenografia. As obras também darão origem a produtos oficiais, cuja venda será revertida a projetos sociais ambientados nas comunidades do Rio. A Central Única das Favelas contribuirá ainda capacitando profissionais de luz e som para operar a parte técnica do palco junto com as equipes oficiais. Também serão identificados nas comunidades figurinistas, produtores e afins, o que significa que diversos segmentos terão a oportunidade de vivenciar na prática os bastidores do Rock in Rio.

“Temos uma trajetória de 20 anos de ação em prol dos moradores de favelas do Brasil, e essa parceria com o Rock In Rio é mais uma oportunidade de mostrar ao mundo a potência desses territórios. O principal objetivo é dar voz e vez aos talentosos artistas grafiteiros, e ao mesmo tempo construir um legado, capacitando e fomentando a economia criativa das favelas”, diz Elaine Caccavo, diretora de Produção da CUFA.

Na parceria do Espaço Favela, o Sebrae/RJ e o Viva Rio desenvolverão juntos um programa em comunidades de Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, São João de Meriti e Belford Roxo. Estão previstas ações de qualificação empresarial, formação de redes empreendedoras, acesso a serviços financeiros, formalização de negócios entre outras que fomentarão oportunidades de trabalho e renda nos territórios vulneráveis da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

Palestrantes posam pra foto (Divulgação)

Além de ajudar na descoberta dos talentos que performarão o Espaço Favela, o ‘Viva Rio’ realizará um calendário de eventos chamado “Só quero ser feliz”, que vai impulsionar festas, celebrações e movimentos populares do Rio de Janeiro, tais como: a rua mais enfeitada para Copa do Mundo, redescoberta das trilhas e montanhas cariocas, apoio às festas centenárias da N. S. da Penha e São Cosme e Damião, além de festivais música e arte nas favelas. Serão dois eventos por mês no ano 2018. Já no próximo ano, o ‘Viva Rio’ vai promover eventos gastronômicos e culturais que ajudarão a revelar talentos para o Espaço Favela. O objetivo é contribuir para resgatar a autoestima, a felicidade e a esperança que quem faz parte do dia-a-dia do Rio de Janeiro.

“Desde 2001 o Viva Rio e o Rock in Rio estão engajados socialmente e determinados a impulsionar o espírito carioca. O Espaço Favela é uma verdadeira oportunidade para expandir as nossas missões, especialmente para quem mais precisa. Jamais vamos desistir. Está no nosso DNA. Viva o Rio! Viva o Rock in Rio!”, diz Carlos Roberto Fernandes, Gerente de Projetos do Viva Rio.

O Rock in Rio está marcado para o segundo semestre de 2019, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. O espaço se transforma num gigante parque temático da música, com inúmeras experiências e uma programação surpreendente, que combina o melhor do entretenimento. Para esta edição, a primeira atração anunciada foi a cantora Anitta, que se apresentará no palco Mundo.

Conferência sobre o Rock In Rio (FOTO: Divulgação)

Sobre o Rock in Rio, é o maior evento de música e entretenimento do mundo. Criado em 1985 e com 32 anos de vida, é parte relevante da história da música mundial. O evento já soma 17 edições, 108 dias e 1.748 atrações musicais. Ao longo destes anos, mais de 9,2 milhões de pessoas passaram pelas Cidades do Rock. Nas redes sociais, os números da edição de 2017 são bem impactantes. São 143 milhões de pessoas alcançadas por conversas espontâneas sobre o Rock in Rio e 41,9
milhões de visualizações de vídeos nas redes do festival somente
durante os dias de evento.

Nascido no Rio de Janeiro, o Rock in Rio conquistou não só o Brasil como, também, Portugal, Espanha e Estados Unidos, sempre com a ambição de levar todos os estilos de música aos mais variados públicos. Muito mais que um evento de música, o Rock in Rio pauta-se também por ser um evento responsável e sustentável. Em 2001, através do projeto social “Por um mundo melhor”, assumiu o compromisso de conscientizar as pessoas para o fato de que pequenas atitudes no dia a dia são o caminho para fazer do mundo um lugar melhor para todos.

Em 2013, o Rock in Rio recebeu a certificação da norma ISO 20121 – Eventos Sustentáveis, um reconhecimento do poder realizador da marca que desenvolve diversas ações com vista à construção de um mundo melhor, como a criação de 182.500 empregos diretos e indiretos no total das 17 edições, e mais de R$ 100 milhões investidos em causas socioambientais e a construção de um legado positivo para as cidades onde o evento é realizado.

Viva Rio – Logotipo

O Viva Rio nasceu em 1993 como resposta ao clima de insegurança e indignação que permeava a cidade do Rio de Janeiro. Desde então, atua no interior de comunidades de baixa renda e, particularmente, em áreas violentas. Desenvolve pesquisas; produz campanhas de mobilização popular; executa projetos e trabalha para propor e acompanhar o desenvolvimento de políticas públicas. O Viva Rio atua entre o local e o internacional, construindo redes de relacionamento entre diferentes atores e entidades. A partir das experiências vividas nas favelas do Rio de Janeiro, chegou a outros contextos, em especial, a países da América Latina, Caribe e África.

CUFA – Logotipo

A Central Única das Favelas é uma organização sólida, reconhecida nacional e internacionalmente pelas esferas políticas, sociais, esportivas e culturais. Há 20 anos, a CUFA busca chamar atenção para iniciativas que contribuem diretamente para a melhoria da vida dos moradores de favela de todo o país, transformando assim o estigma desses territórios e suas populações em carisma, em incentivo e inspiração para a consolidação de uma sociedade mais equilibrada. Atualmente, a CUFA está presente nos 27 Estados do Brasil e em 17 países, agindo como um polo de produção cultural e prática desportiva,
promovendo atividades nas áreas da educação, lazer, esportes, cultura e cidadania.

Desde 2012 o Sebrae no Rio desenvolve metodologia específica de atuação com os empreendedores da base da pirâmide. Ao longo desses seis anos já foram feitos cerca de 30 mil atendimentos nas comunidades cariocas. Além de formalizar negócios, nossa principal missão é fomentar o empreendedorismo e fortalecer as pequenas empresas em territórios vulneráveis. Atuamos também em projetos específicos para mulheres, afroempreendedores, jovens, refugiados e egressos do sistema
penitenciário.

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