No ar como a Tina de Malhação – Viva a Diferença, Ana Hikari revelou em entrevista à revista Marie Claire que seu pai, Almir Almas, é negro, o que já fez com que enfrentasse o preconceito desde muito nova.
“Eu vivi isso desde pequena porque vi pessoas serem racistas com meu pai. Vivi situações de chorar por ele. Uma coisa que me marcou muito, no ano passado, foi quando meu pai saiu para comprar um lenço de papel na farmácia e a gerente mandou ele ‘vazar’ dali, pois estaria roubando. Ele foi até a delegacia e o caso não foi adiante porque não tinha testemunhas. Já aconteceu também de acharem que meu pai não era meu pai – estava com ele na rua de mãos dadas porque eu era pequenininha e uma pessoa falou: ‘Onde você roubou essa criança!’. Meu pai respondeu: ‘É minha filha’. A pessoa insistiu e disse: ‘Olha a cara dela’. Na época não entendi o que estava acontecendo. Depois de grande, fui entender aquilo e até hoje a gente houve esses comentários escondidos em um tipo de ‘brincadeira’”, contou a estrela.
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Questionada sobre como foi educada pelo pai para conviver com situações de discriminação, Ana afirmou que era levada para conhecer coletivos de movimento negro. “Tem um que sou apaixonada desde pequena chamado Frente 3 de fevereiro – tem esse nome por ser a data do assassinato de um homem negro por uma injustiça. Desde pequena frequento e fui entendendo o que era o preconceito através dessas performances. Essa foi a maneira que ele encontrou de me mostrar”, falou a atriz.
Com relação à mãe, Makiko, japonesa, Hikari avalia ser um outro tipo de preconceito que é enfrentado. “Não dá para dizer que os orientais não sofrem. É muito triste porque é pouco falado sobre isso. Tem crescido o movimento de debate sobre esse assunto. O grupo de discussão chamado Perigo Amarelo fala do preconceito que os orientais sofrem. A Tina me ajudou a ver isso. Desde o terceiro capítulo ela fala: ‘Não gosto que me chamem de japa, meu nome é Tina’”, analisou.
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A artista também contou que não gosta de ser chamada de japa. “Não estou dizendo que seja negativo ser oriental, mas negativo é as pessoas me olharem com olhos que me limita. Tive muito mais contato com a parte brasileira e negra da família do que a oriental. Não sei falar japonês e fui ao Japão por conta do meu pai, que fez mestrado e doutorado lá”, concluiu.