Edivaldo Souza, conhecido pelos nomes artísticos de Edy, Edy Souza e Edy Star, é um cantor, ator, compositor, dançarino, produtor, figurinista e pintor. Ele era um artista multimídia antes de o termo nascer. Foi roqueiro glam quando David Bowie ainda nem sonhava em comprar seu primeiro kit de maquiagem, por isso é tido como o primeiro artista transformista do país.
De personalidade forte, o cantor natural da Bahia abordava a sexualidade em sua arte. Em 1973, escancarou sua homossexualidade e se tornou o primeiro artista brasileiro a se declarar assumidamente gay, mesmo estando à época casado com uma “manequim famosa, já falecida’. Amigo de Caetano Veloso e Raul Seixas nos anos 1960, em Salvador, tempos depois, tornou-se membro da banda Grã-Ordem Kavernista, que acompanhou Raulzito, Mirian Batucada e Sergio Sampaio. Edy participou do álbum ‘Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10’, único disco do quarteto, considerado um dos discos “mal ditos” da música brasileira.
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O Artista
Edy sempre soube que seria artista, mas bem que chegou a tentar ser alguém “normal”. Com 20 anos, fez um curso na Petrobras e virou especialista em petróleo. “Odiava aquilo tudo. Eram 1.500 homens no campo e uns quatro ou cinco gays, todos enrustidos. A gente soltava a franga, mas chegava alguém e a gente tinha que mudar a voz, falar de mulher. Sempre escutava umas piadinhas e, ainda por cima, ficava todo sujo de petróleo. Um horror.” Um ano depois, Edy pediu as contas e foi trabalhar no circo. O pai revoltou-se: “Na minha família nunca teve artista!“.
“Estava na hora de ter um então“, rebateu o jovem. Foi nessa época que fez um grande amigo, de um jeito que só poderia acontecer na Bahia daqueles tempos. Edy passava em frente a uma casa com um janelão aberto quando escutou a melodia de “Volare” tocada ao piano. Resolveu dar uma espiada, no que o jovem músico o chamou para entrar. O jovem de 17 anos, no caso, era Caetano Veloso. Edy acabou ficando para o café, conheceu dona Canô e Maria Bethânia, única artista que considera “uma deusa, acima do bem e do mal”. “Eu e Caê começamos a frequentar umas festas em Santo Amaro. Trocávamos as meias, um pé azul e outro vermelho, só para fazer graça. Éramos os reis dos bailes, porque só puxávamos as mulheres mais velhas para dançar. As meninas ficavam malucas atrás da gente””, ele rememora.
Celebridades internacionais
Edy ainda cruzou com outras estrelas em sua vida, como Michael Jackson, Ravi Shankar e Janis Joplin. A roqueira hippie ele conheceu durante um carnaval em Salvador, sentada na rua, conversando com as prostitutas e dando belos tragos de cachaça e do tal “fuminho”. Suas histórias pela capital baiana incluem um barraco no hotel em que estava hospedada, quando quebrou tudo porque não a deixaram entrar. “Também, feiosa, suja e com um monte de cabelo no sovaco daquele jeito…“. Janis foi para a Bahia na garupa da moto do fotógrafo Mick, seu namorado carioca. Reza a lenda que ela não parava de reclamar da chuva, que a impedia de transar na praia. E que, brigada com o affair, voltou para o Rio trocando favores sexuais por caronas de caminhoneiros.
Sua vida em documentário
Como artista plástico, fez mais de 30 exposições nos Estados Unidos e na Europa, incluindo quatro Bienais. Edy Edy Star tem a sua história contada em filme “Antes que me esqueçam, meu Nome é Edy Star“. É um documentário que percorre os bastidores da gravação de ‘Cabaré Star’, atual álbum do artista, produzido por Zeca Baleiro, que também é o diretor musical do filme do Music Box Brazil. A narrativa é construída a partir de depoimentos do próprio Edy Star e de personagens que acompanharam a sua trajetória e do país nos anos considerados de “chumbo”.
O filme foi selecionado na primeira edição do concurso cultural “Talentos Brasil”, realizado em 2013 pelo grupo Têm Dendê e nasceu da ambição do diretor Fernando Moraes de contar parte das histórias de Edy. Durante as filmagens, eles até descobriram uma relação de parentesco até então desconhecida. “Queria prestar uma homenagem a um artista que fez bastante sucesso na noite carioca e, em certo ponto, no Brasil, e que andava esquecido“, explica o diretor ressaltando que o resultado final “está acima do que esperava”.
O nome ‘Star’
O Star do nome surgiu nessa época. O Pasquim e a mídia em geral adotaram Edy, que, em uma entrevista para a Fatos e Fotos, soltou a bomba: “Tive coragem de assumir quem eu sou“, dizia a manchete. “Eu tinha uma mulher na época, que leu a reportagem na ponte aérea. Eu nunca escondi nada dela, namorava um paraquedista ao mesmo tempo. Houve polêmica, mas eu nem liguei. Eu sou independente, querido. Quando choro, ninguém chora por mim. Quando pago o apartamento, ninguém paga por mim. Quem me quer, quer. E agora é pior, que eu estou barrigudo. Ou me aceita com a barriga, ou então, meu amor…“
Virada Cultura
Em 2009, Edy foi a estrela da Virada Cultural, e tocou na íntegra o disco que fez com Raul, trocando de figurino a cada música e esbanjando uma vitalidade surpreendente, sucesso esse, que a organização pediu o seu retorno no ano seguinte.