No Dia da Consciência Negra, a noiva do cantor Nego do Borel, fez um longo texto em seu Instagram, e citou os momentos em que presenciou o cantor sendo vítima de racismo.
“Esse é o Maycon. Vocês o conhecem muito como “Nego do Borel”, não que ele não seja o Nego, ele é, mas é o Maycon também. Quando nos conhecemos, a sintonia foi de cara. Costumamos dizer que nos apaixonamos primeiro por nossa cabeça e maneira de pensar, e depois fomos realmente nos amando por inteiro. Quando digo por inteiro, é por inteiro, principalmente pelo brilho nos olhos. Eu sabia que o racismo existia, sempre soube, porém não sabia que ele era tão real e tão vivo como é. Obviamente eu não sabia, eu não havia nunca saído da minha zona de conforto pra entender isso, mas o Maycon me mostrava e me ensinava, só que na maioria das vezes não precisei ser ensinada, eu só observava.“
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“Observava como as pessoas, antes de reconhecerem o Nego do Borel, mudavam de lado na rua, faziam cara feia, seguravam mais a bolsa, puxavam os filhos… até que num supetão, viravam uma chave e se alegravam ao ver e reconhecer o artista, isso vinha acompanhado de “é você? Nossa, não reconheci! Desculpa, somos seus fãs”. O problema não é esse, o problema é como marginalizam a cor e como já criam um critério de que uma pessoa com cor afro-descendente é bandido(a) e como essas pessoas os tratam e colocam-nos na sociedade.”
“Sempre fui questionada sobre isso e sempre tentei não me posicionar, até por medo, porque eu vivo aprendendo a cada dia e sei que estou me reconstruindo. Também tento não falar tanto porque não é meu lugar de fala. Eu sou branca, loira, olhos azuis, privilegiada, estudei nas melhores escolas, não vi o crime, não vi o racismo, só tive UM amigo negro na escola (quando criança e ele era bolsista, ele sofreu muito preconceito e hoje eu entendo realmente que essa dor é real). Vocês entendem o que é não crescer com nenhum negro na sua sala? Você já cresce com uma rede neural que “estranha” e já divide as pessoas por cor, as definindo também.”
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