A depressão é uma das principais causas de incapacidade global, afetando alimentação, sono e outros aspectos do dia a dia. Apesar de tratamentos eficazes existirem, menos da metade das pessoas doentes recebe tratamento adequado, segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde). A prática de exercícios é um complemento crucial aos tratamentos medicamentosos e psicoterapêuticos.
Como outros países tratam a questão?
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Países como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália têm, em suas diretrizes de prática clínica, a recomendação de atividade física como parte do tratamento para a depressão, mas não especificam dose ou tipo de exercício. Para preencher essa lacuna, pesquisadores de quatro países compararam diversas modalidades de exercícios com outros tratamentos, incluindo psicoterapia, antidepressivos e cuidados habituais.
Quais os melhores exercícios?
Um estudo publicado no British Medical Journal (BMJ), com 14.170 participantes, concluiu que exercícios físicos são eficazes no tratamento da depressão. Caminhada, corrida, yoga e treinamento de força mostraram-se mais eficazes que outras modalidades, e os efeitos são proporcionais à intensidade prescrita. O endocrinologista e médico do esporte Guilherme Renke reafirma que a atividade física melhora a saúde mental dos praticantes.
“O exercício físico produz substâncias, inclusive aumento da serotonina e da dopamina. A serotonina e a dopamina estão intimamente relacionadas com o sistema nervoso central e melhoram a sensação de bem-estar. Isso sem falar das endorfinas que são produzidas no exercício e que também dão a sensação de relaxamento”, disse em entrevista para o Eu Atleta.
Exercícios e o efeitos dos medicamentos
Os pesquisadores do estudo também descobriram evidências de que o exercício amplifica os efeitos dos medicamentos antidepressivos, como os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS), tornando-se um aliado valioso dos tratamentos convencionais, como a farmacoterapia.
Diferenças entre gêneros e idades
Treinos de força e ciclismo parecem mais eficazes para mulheres, enquanto homens se beneficiam mais de modalidades como yoga, tai chi e exercícios aeróbicos combinados com psicoterapia. Para participantes mais velhos, yoga e exercícios aeróbicos, junto com psicoterapia, mostraram-se mais eficazes, enquanto os mais jovens se beneficiaram mais do treinamento de força.
Qualquer exercício é bem-vindo
O estudo oferece orientações sobre a prática de exercícios, porém, de acordo com o psiquiatra Higor Caldato, no tratamento da depressão, o exercício mais adequado é aquele que é “possível para o momento”. O especialista recomenda que os pacientes deprimidos permaneçam ativos, pois mesmo exercícios de menor intensidade podem representar uma oportunidade de sair do isolamento social.
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