Para quem está acompanhando o remake de Pantanal na TV Globo, a cena que irei descrever a seguir é bastante comum: Os peões da fazenda de Zé Leôncio (Marcos Palmeira) organizam uma moda de viola, todos em volta da fogueira, até que o patrão faz um pedido, prontamente atendido pelos violeiros Tibério (Guito) e, recentemente, Trindade (Gabriel Sater): “toca Cavalo Preto!”.
A música é um verdadeiro ícone das modas sertanejas e foi popularizada pela voz e pelas violas de diversos artistas. Ao todo, é possível encontrar 11 versões da música. Podemos dizer que as mais famosas são as de Tonico e Tinoco, gravada nos anos 70, e Sérgio Reis, que participou da primeira versão de Pantanal, interpretando Tibério, em 1990, mesmo ano em que lançou o disco Pantaneiro, que conta com sua versão do clássico.
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Mas para falarmos da primeira versão de Cavalo Preto, precisamos voltar mais no tempo. Precisamente, teríamos que fazer uma viagem ao ano da graça de 1946, quando a dupla Palmeira e Luizinho gravou, para um vinil de 78 rotações por minuto, a composição de Anacleto Rosas Jr, renomado letrista do sertanejo raiz.
Anacleto, o dono dos versos, foi um compositor de mão cheia. Nascido em Mogi das Cruzes em 1911, começou a compor nos anos 40, época em que deu vida ao sucesso que ecoa até hoje pelas violas em todo o país. Segundo o site Recanto Caipira, estima-se que Anacleto tenha, além de Cavalo Preto, outras 153 composições, com direito a trabalhos em colaboração com outros artistas, como a própria dupla Palmeira e Luizinho, além de Tonico e Tinoco.
Ainda entre os artistas mais famosos que regravaram a obra, podemos citar o Duo Ciriema, dupla sertaneja formada por Aparecida Martins Batista e Irene Campos Mendonça, que depois deu lugar a Irene Lopes. O Ciriema lançou a canção em um LP de 12 músicas chamado Minha Terra (1977).
76 anos depois da primeira gravação da obra icônica do sertanejo brasileiro, temos a última, ou melhor dizendo, a mais recente versão de Cavalo Preto, gravada por Chico Teixeira, filho do cantor e ator Renato Teixeira. A curiosidade é que ambos participaram do remake de Pantanal. Chico viveu Quim, um dos fiéis escudeiros do jovem Zé Leôncio e do velho Joventino (Irandhir Santos), enquanto seu pai interpretou brevemente o mesmo peão, só que mais velho.
“Pensamos nessa música, pois, além de fazer parte do meu mundo, também faz parte do mundo do meu personagem, o Quim. Na regravação, busquei trazer uma sonoridade mais atual, porém mantendo o sertanejo Lo-Fi, como gosto de me referir ao estilo que mais se encaixa com o meu”, disse Chico, na época do lançamento, ao Acesso Cultural.