Lembro como se fosse hoje, o dia em que estive na extinta TV Manchete para ir me apresentar no programa “Clube da Criança”. Fui dançar com um grupo de colegas a música “Não se Reprima”, do Menudo, uma febre na época. As amigas da minha mãe fizeram um comentário comigo: “Você vai conhecer a namorada do Pelé”. E conheci.
Poucos anos depois, a “namorada do Pelé”, já estreava na maior emissora do país, um programa matinal e diário, que levava o seu nome. No currículo, uma polêmica participação em um filme com um menor de idade, revistas de nu, o namoro com o “rei do futebol”, beleza, carisma e muita, mas muita estrela. Não demorou muito e Xuxa virou um fenômeno de audiência, venda de Lps, produtos, shows, enfim tudo que ela colocava as mãos virava sucesso. Nascia a “Rainha dos Baixinhos”. A loura tinha vários empecilhos que poderiam impedir que todo aquele estrondoso sucesso acontecesse. Na bagagem diversos trabalhos sensuais que nada combinavam com crianças. Mas nada pode impedir uma estrela de brilhar, nem mesmo a ira de alguns, e o preconceito de outros.
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Tive uma segunda oportunidade de encontrar Xuxa. Levei minha filha, ainda pequena para a gravação de um dos seus programas. Durante a gravação, vi a apresentadora deixar o microfone com uma assistente para ir buscar uma caixa enorme de brinquedos que ela achava necessário estar em cena. Ao final, ela tirou fotos com todas crianças ali presentes, além de levar para o camarim algumas agendas para autografar. Nunca vi nenhum apresentador ter atitudes como essa. De fato, Xuxa é diferente.
Hoje, passados alguns anos, Xuxa continua com seu encanto. Sempre polêmica, por ser uma pessoa transparente em suas atitudes. Em breve ela irá lançar um livro destinado ao público infantil abordando a temática LGBTQ+. Isso causou um grande alvoroço e controvérsias. Xuxa foi criticada. Em sua coluna da Vogue, escreveu um longo desabafo.
O ex-senador evangélico Magno Malta chegou a chamar a história de “esdrúxula e indigna”, pedindo aos pais que se unam contra a questão.
Com base nesse pensamento do ex-senador, me recordo que fiquei muito constrangida e revoltada, quando abri o livro de ciências da minha filha, e lá estava uma figura ilustrativa de um pênis, de uma vagina, e também toda a explicação de
como uma criança era concebida, ela tinha apenas 9 anos de idade. Como mãe achei muito cedo, entendi que aquilo poderia despertar uma curiosidade precoce, mas por imposição do Ministério da Educação, tive que aceitar.
O mundo está mudado, as nossas crianças hoje têm acesso muito fácil a relações homoafetivas com uma simples visualização no Instagram, por exemplo. A obra estará lá, e só chegará a criança se os pais comprarem. Será muito valioso para as crianças que possuem duas mães, dois pais, elas poderão entender que a família que elas possuem também faz parte dos livros de histórias infantis. E também de grande valor para as crianças que possuem um pai e uma mãe da forma tradicional, elas entenderão e poderão assim respeitar a família do seu amiguinho.
Como já dizia a “Rainha” em sua música:
Vou pintar um arco-íris de energia
Pra deixar o mundo cheio de alegria
Se tá feio ou dividido
Vai ficar tão colorido
O que vale nessa vida é ser feliz
Vamos ser felizes, aceitando e respeitando as diferentes formas de amor.
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