Quando o assunto é rock, cultura pop ou qualquer outro tema musical, não se pode ficar sem citar Elvis Presley e os Beatles.
Elvis foi o cara que realmente mostrou aos garotos do velho continente a força da até então, nova música jovem americana. Com pose de galã, talento inquestionável e um visual excêntrico, Presley acabou sendo “O” modelo a ser copiado.
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Inevitavelmente, John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison foram diretamente influenciados pelo primeiro artista que fez o rock revolucionar a indústria cultural.
Porém, houve uma época em que “o discípulo superou o mestre”.
Sam Phillips foi um produtor musical americano. Na década de 1940, ele atuou como DJ e programador de rádio. Já nos aos de 1950, abriu o estúdio “Memphis Recording Service” e abriu espaço para que artistas amadores gravassem suas músicas. Com sua visão empreendedora, o produtor negociou as faixas com as grandes gravadoras, que trataram logo de fazer seu trabalho de distribuição.
No geral, o estúdio era frequentado por artistas negros e marginalizados. Havia segregação racial e músicas estilo blues, country e gospel, não caia bem aos olhos do conservadorismo. Porém, num belo dia, Phillips teve mais uma visão empreendedora e disparou a clássica frase:
“Se eu encontrasse um garoto branco que tivesse o som negro e o sentimento negro, eu faria um milhão de dólares“
Phillips achou o seu garoto de ouro. O nome dele era Elvis Presley. De lá pra cá, a indústria musical deu uma reviravolta e começou a era da idolatria. Com muito talento, carisma e um repertório eclético, Presley não precisou de muito tempo para assumir o reinado do rock. Como consequência, o “garoto branco de voz negra” virou um ser olimpiano, isto é, uma espécie de mentor que passou a ditar normas de comportamento, tendência de vestuário e tudo mais que fosse inerente ao universo jovem.
O apelo popular em torno da figura mítica de Elvis Presley foi algo sem precedentes. Uma vez dialogava com vários estilos de música, incluindo gospel, seu trabalho era consumido por vários públicos diferentes. Esse imenso alcance musical de Elvis foi materializado em 1958, quando ele conseguiu emplacar 9 canções no Top 100 da Billboard. Pela primeira vez na história, um mesmo artista conseguiu conquistar tamanho espaço no principal ranking de músicas da indústria fonográfica.
Confira a lista das canções:
“Treat Me Nice”
“Don’t”
“I Beg of You”
“Wear My Ring Around Your Neck”
“Doncha’ Think It’s Time”
“Hard Headed Woman”
“Don’t Ask Me Why”
“One Night”
“I Got Stung”
Daquele momento em diante, sua música realmente entrou nos radares do ponto de vista comercial. Mas, antes de tudo e acima de qualquer coisa, fazer rock and roll passou a ser o mais divertido dos ótimos negócios.
Ainda em meados da década de 1950, em pleno reinado de Elvis Presley, o rock chegou na Inglaterra. Chegando na “Terra da Rainha”, o estilo foi abraçado pela juventude e, consequentemente, músicos ingleses começaram a montar banda. Na cidade de Liverpool, por exemplo, surgiu o The Quarrymen, grupo que serviu de embrião para o nascimentos do “Fab Four”.
No começo dos anos 60, o Quarrymen já não existia e uma formação reformulada deu origem aos Beatles. Em março de 1963, o quarteto lançou seu álbum de estreia, o clássico “Please Please Me”, e colocou em cena uma sonoridade simples, direta e alto astral. Ao longo de 30 semanas, o disco ocupou o primeiro lugar das paradas de sucesso do Reino Unido. Na ocasião, o quarteto só foi desbancado por si mesmo, com segundo trabalho da carreira, “With The Beatles”.
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Com dois álbuns muito populares, a banda potencializou o surgimento da ”beatlemania”, um fenômeno de adoração mais fanático do que a idolatria que Elvis conquistou anos antes. Porém, o quarteto queria bem mais! Já que primeiro conquistaram Liverpool e depois a Inglaterra, os Beatles partiram rumo à conquista do mundo.
No dia 28 de março de 1964, os Beatles emplacaram 10 canções no Top das 100 mais tocadas da Billboard, quebrando o recorde de Elvis Presley, que durou sete anos. Com a entrada dos singles “Can’t Buy Me Love” e “All My Loving”, ambos do álbum “A Hard Days Night”, e “Do You Want To Know A Secret”, faixa do “Please Please Me”, no Top 100, a banda conseguiu superar o feito de Elvis no principal ranking de músicas da indústria fonográfica
No mês seguinte, os Beatles emplacaram nada menos que 14 músicas na lista. Ciente do consumo voraz do público norte-americano, a banda passou a tocar em estádios, investiu na produção de filmes e conquistou lugar cativo nos principais meios de comunicação de massa. Após a façanha, o quarteto fantástico londrino se encontraria com o Rei do Rock em 1965, numa reunião esquisita onde McCartney chegou a zombar da masculinidade de Elvis.
John Lennon e Paul McCartney consideravam Elvis parte da realeza musical, mas também acreditavam que Presley estava “arruinado desde os anos 1950“, como lembra a Far Out Magazine.
McCartney descreveu o encontro como “um dos melhores da vida”, mas não deixou de opinar sobre a queda de Presley. “Sempre pensei que [o tempo nas forças armadas] arruinou Elvis”, contou na biografia autorizada Many Years From Now (1997). “Gostávamos da liberdade de Elvis como caminhoneiro, como um cara de jeans e quadris giratórios, mas não gostávamos dele com o corte de cabelo curto no exército chamando todos de ‘senhor’”.
“Depois que ele entrou no exército, acho que eles cortaram ‘as bolas’ fora. Não apenas dividiram o cabelo dele, acho que rasparam entre as pernas dele também”, criticou Lennon em entrevista publicada na Beatles Anthology. “Elvis realmente morreu quando entrou no exército. Foi quando o mataram, e restou um morto-vivo”.
O GRANDE RETORNO DE ELVIS PRESLEY
Às 21:00 em 3 de dezembro de 1968, os televisores de milhões de lares americanos foram sintonizados na NBC, onde foram recebidos com esta linha de boas-vindas: “Se você está procurando problemas, veio ao lugar certo“. Após um hiato de oito anos, Elvis Presley estava de volta à TV. Ele se juntou ao guitarrista Scotty Moore e ao baterista D.J. Fontana, que esteve com Elvis em suas aparições históricas na TV em 1956 e 1957.
Elvis foi o programa mais bem classificado da semana, superando Laugh-In de Rowan & Martin. As críticas que se seguiram foram generosas, e o produtor do programa, Bob Finkel, mais tarde receberia um prêmio Peabody por esse especial.
O álbum da trilha sonora, Elvis, alcançou o Top 10 na parada de álbuns da Billboard, também a primeira vez que aconteceu em três anos. Esses dois discos foram hits em todo o mundo, a primeira vez que Presley teve tanto sucesso global desde “Crying in the Chapel”, em 1965.
Elvis fez com o produtor Chips Moman no American Sound Studio em Memphis, no início de 1969. “No Ghetto”, escrito por Mac Davis. Se tratava de um homem branco do sul que abordava os problemas raciais do norte do interior. Nas mãos da maioria dos cantores, essa música teria soado artificial, forçada, talvez até desagradável. Elvis fez soar como uma gentil convocação para os próprios irmãos que ele havia alcançado com seu single anterior, “If I Can Dream”.
O álbum foi intitulado “From Elvis in Memphis” e era uma mistura de rock, country e algo novo para Elvis, soul sulista. Este álbum mostrou ao mundo que ele poderia fazer um álbum sólido da primeira faixa para a última.
Depois veio o próximo single, “Suspicious Minds”, escrito por Mark James. Foi um registro tão magistral que uma única audiência poderia deixar um ouvinte pensando que acabara de ouvir o melhor momento da carreira de Presley.
E tão importante quanto a música foi a resposta: os discos venderam milhões de cópias em todo o mundo. Em 1969 e 1970, Presley recebeu mais RIAA Gold Record Awards que havia recebido em qualquer momento em sua carreira.
Em julho de 69, Elvis voltou a se apresentar no palco do International Hotel em Las Vegas, aumentando sua visibilidade e reconhecimento de nome.
Nos últimos momentos da década de 60, Elvis era indiscutivelmente tão famoso quanto nos anos 50. Devido ao crescimento impressionante nos meios de comunicação, no mundo todo, e ao crescente interesse na vida privada das celebridades, muitos aspectos da vida de Presley se tornaram palavras familiares.
Entre os aspectos da vida de Presley estavam sua esposa Priscilla Presley e a casa de Elvis em Memphis, Graceland. Sob seus olhos e mãos, o nome “Graceland” começou a assumir um significado cultural – significado metafórico, se não quase espiritual – além de ser apenas o lar de uma estrela.
O uso mais famoso de Graceland como metáfora é o brilhante álbum de Paul Simon de mesmo nome, Graceland (1986). De acordo com Simon, a música “Graceland” é parcialmente uma viagem à casa de Elvis por um homem com seu filho de 9 anos “tentando encontrar algum tipo de consolo por uma perda de amor” por lá.
Esse tema foi abordado de maneira mais direta e mais comovente no filme de 1999 de David Winkler, Finding Graceland. Harvey Keitel, um dos atores menos prováveis do planeta a interpretar Elvis, é uma alma perdida que acredita que ele é, de fato, Elvis Presley, que tirou uma licença por ser O Rei” para fugir da loucura e encontrar algum conforto com as pessoas.
O filme trata de sua necessidade de voltar para casa, para Graceland, para encontrar consolo e fechamento em sua vida e em sua jornada.