O ex-pugilista Adilson Rodrigues, conhecido como Maguila, que faleceu nesta quinta-feira aos 66 anos, terá seu cérebro doado para estudos na Universidade de São Paulo (USP), segundo informações do jornal O Globo. Maguila sofria há anos com a “demência do pugilista”, uma condição neurodegenerativa associada a repetidos impactos na cabeça. A decisão de doar o órgão havia sido tomada em 2018, com o consentimento de sua família, como forma de contribuir para o estudo da Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), doença frequentemente confundida com o Mal de Alzheimer devido à semelhança nos sintomas.
O que é a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC)
A ETC é uma doença que afeta principalmente atletas de esportes de contato, como boxe, rúgbi e futebol, e está ligada a traumas repetitivos no crânio. Além de perda cognitiva progressiva, a doença também provoca alterações comportamentais, incluindo episódios de depressão, impulsividade, violência e, em alguns casos, tendência ao suicídio.
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Um dos maiores desafios do diagnóstico é que a doença só pode ser confirmada com precisão após a morte do paciente, por meio da análise do cérebro. Estudos recentes, no entanto, já conseguem detectar marcadores como a proteína TAU em exames de imagem e na retirada de fluido cerebrospinal, que envolve o cérebro. Pesquisadores acreditam que, em breve, um simples exame de sangue poderá identificar a presença desses marcadores, facilitando diagnósticos em vida.
Maguila se junta a outros atletas em estudo da USP
Maguila não será o primeiro atleta de destaque a contribuir com a pesquisa da USP. Outros esportistas, como o ex-jogador Bellini, capitão da seleção brasileira campeã em 1958, e o lendário pugilista Éder Jofre, falecido em 2022, também doaram seus cérebros para essa investigação. O caso de Bellini, em 2014, foi o primeiro diagnóstico confirmado de ETC em um jogador de futebol e trouxe atenção para os riscos da prática esportiva de alto impacto.
Com esses estudos, a USP busca entender melhor a evolução da doença e propor medidas de prevenção e tratamentos eficazes para proteger futuros atletas. A contribuição de Maguila, assim como a de outros ícones do esporte, é fundamental para o avanço científico nessa área e reforça a importância de se discutir a saúde mental e neurológica de quem se dedica a esportes de contato.
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